Nossa Terra Nossa Gente : O CASAMENTO NA ESTRADA DE FERRO CAMPOS DO JORDÃO

Na história da Estrada de Ferro Campos do Jordão, há um acontecimento que poucos conhecem, entretanto, é revestido de uma beleza poética que é impossível deixá-lo guardado apenas no álbum de memórias de Verônica Dalle e Márcio Campos: o inesquecível casamento deles sobre os trilhos da nossa centenária “estradinha”.
No bilhete distribuído a 200 convidados, a singular mensagem: Este bilhete vale uma pequena viagem ao passado onde ocorrerá a união civil de Verônica e Márcio. Não se atrase! O trem partirá no dia 17 de março de 2001, da sede da Estrada de Ferro Campos do Jordão, que fica à rua Dr. Campos Salles nº 201, pontualmente às 18h30, logo após a chegada dos noivos.
E, como sonhado, após o casamento religioso realizado às 17h15, no Santuário Mariano Diocesano de Nossa Senhora do Bonsucesso, Verônica e Márcio deixaram o Ford 1937 que os conduziu até a estação e, junto aos seus familiares, padrinhos e convidados, embarcaram no trem que os levaria a duas paragens: a Estação Expedicionária, onde o Juiz Mário Edson de Castilho, auxiliado pela escrevente Mônica Senne, aguardavam os noivos para celebrar a cerimônia da união civil do casal, e, por fim, a plataforma do Clube de Campo Piracuama, em que os noivos e os passageiros que lotavam dois vagões eram esperados para a grande festa!
Na Estação Expedicionária, toda ornamentada de flores, uma dupla sertaneja animou a chegada dos noivos com uma música de autoria deles dedicada à Verônica e ao Márcio! Após a cerimônia do civil, o champagne selou o primeiro brinde do casal, e o noivo, que durante todo o trajeto não desgrudava da enigmática mala de viagem que o acompanhava, finalmente revela o queijo mineiro tamanho família que ali estava escondido para ser servido aos convidados!
Para a viagem do casamento, o diretor da EFCJ, à época, Sr. Artur Ferreira dos Santos, solicitou que a locomotiva e os vagões fossem restaurados com nova pintura e arandelas de luz amarela, impressionando os passageiros pelo ‘vestuário’ impecável que trajavam na celebração. Entretanto, quando o motorneiro e seu ajudante, paramentados com uniforme de gala, quepe e gravatinha, retomaram a viagem com destino à plataforma do Clube de Campo, uma pane na luz interna da locomotiva causou ainda mais emoção à viagem, que prosseguiu ainda mais festiva até o desembarque dos noivos e passageiros.
Ao final do trajeto, a surpresa das surpresas: na entrada do salão de festas, os convidados embarcaram na ‘viagem ao passado’ mencionada no ticket da passagem. Uma exposição de fotos antigas dos familiares dos noivos selava uma nova aliança e renovava o pacto de geração em geração, o de sempre aprenderem a arte de amar: os Garufe, os Piorino e os Dalle, por parte da noiva pindamonhangabense, e os Dias e os Campos, antepassados do noivo mineiro, oriundos de Aiuruoca e Liberdade!
A fotografia tem esse dom de nos transportar ao passado e, de modo especial, eternizar o presente para ofuturo das próximas gerações. Assim, sob os cliques do fotógrafo e cinegrafista Carlos Eduardo Reis, Verônica e Márcio guardam fotos memoráveis de cada momento desse dia inesquecível! Também tiveram o cuidado de providenciar um Livro de Ouro em que foram registradas as mensagens de felicitações dos parentes, amigos, padrinhos e convidados.
Esse livro de riquezas, em 2005, ganhou um novo capítulo na história dos Dalle Campos: o nascimento de Isadora. Em suas páginas, novas mensagens de felicitações registraram a chegada da filha de Verônica e Márcio que, ao se conhecerem na Faculdade de Jornalismo da Universidade de Taubaté, não podiam imaginar que Deus, antes de lhes ter concedido o memorável casamento sobre os trilhos da nossa “estradinha”, havia premiado os dois com o bilhete para a aventura de partilhar a viagem da vida, lado a lado, em todas as estações!

  • Créditos da imagem: Arquivo Pessoal