História : O Centenário da Independência
Há 100 anos o jornal Tribuna do Norte dedicava sua primeira página a relembrar o histórico fato da Pátria, exaltando a participação de Pindamonhangaba no inesquecível feito
A edição comemorativa à proclamação da Independência do Brasil foi às ruas exatamente no dia 7 de setembro daquele ano de 1922…
Com o título “O Centenário da Independência”, para abrir a primeira página a Tribuna providenciou a confecção de clichês1 ilustrativos. O primeiro com o retrato do príncipe Dom Pedro I. O outro, a estampa da figura austera do comandante da Guarda de Honra do imperador no Grito do Ipiranga: Coronel Manuel Marcondes Oliveira e Mello, o Barão de Pindamonhangaba.
“O Príncipe Dom Pedro – sua Guarda de Honra – Os oficiais pindamonhangabenses – Narração do grande acontecimento político pelo Coronel Marcondes de Oliveira e Mello”, era o que vinha abaixo do título, informando a interessante leitura que aguardava os leitores.
O artigo iniciava ligando a data a uma figura histórica da pátria: “A Nação Brasileira comemora hoje o centenário de nossa independência, cujo acontecimento político devemos à energia inquebrantável e ao acrisolado patriotismo de José Bonifácio”.
Conta da grande influência política que Bonifácio exercera sobre Dom Pedro, “…com seu nome prestigiado, a fulguração de seu talento, sua alma eminentemente liberal que exigiam uma solução enérgica em favor de nossa emancipação”.
O grande brasileiro teria, de fato, influenciado na decisão do príncipe Dom Pedro que “…não vacilou ao receber as notícias enviadas do Rio por José Bonifácio, notícias estas deprimentes que vieram da Corte de Lisboa, contra o Brasil e o príncipe regente”.
Assim, consciente de que o Brasil não poderia continuar sob o jugo de Portugal, aceitando as razões pontuadas pelo brasileiro José Bonifácio, Pedro I teria resolvido libertar aquela terra que também amava. “…E não se fez esperar o sonoroso brado de – Independência ou Morte, que repercutiu por todos os recantos desta imenso País”.
Guarda de Honra, para sempre honrada…
Na parte que se refere à memória dos fiéis lanceiros de um príncipe valente, aos componentes da cavalaria do imperador naquela cavalgada da libertação, o articulista daquela edição do jornal esclarece: “Antes de declarar independente o Brasil, já havia a Guarda de Honra do príncipe regente; em diversas vilas desta então capitania existia oficiais e soldados, todos membros de importantes famílias”.
Revelando que a vila que maior número de “Guardas” deu foi a de Pindamonhangaba, vem na sequência a publicação: “Desde o Rio de Janeiro até aqui o príncipe veio acompanhado dos oficiais e soldados seguintes:
● Do Rio de Janeiro – 1. Eleutério Velho Bezerra; 2. Antonio Luz da Cunha.
● De São João Marcos – 3. Cassiano Gomes Nogueira; 4. Floriano de Sá Rio; 5. Joaquim J. de A. Breves.
● De Rezende – 6. Antonio Pereira Leite; 7. Antonio Ramos Cordeiro; 8. José da Rocha Correa; 9. David Gomes Jardim.
● De Areias – 10. João Ferreira de Souza.
● De Guaratinguetá – 11. José Monteiro dos Santos; 12. Custódio Lemes Barbosa.
● De Pindamonhangaba – 13. Manuel Marcondes de Oliveira e Mello – comandante da Guarda; 14. Domingos Marcondes Andrade; 15. Francisco Bueno G. Leme; 15. Francisco Bueno G. Leme; 16. João Monteiro do Amaral; 17. Miguel de Godoy M. e Costa; 18. Manuel de Godoy Moreira; 19. Adriano Correa V. de Almeida; 20. Manuel Ribeiro do Amaral; 21. Antonio M. Homem de Mello; 22. Benedito Gomes Salgado; 23. José Romeiro de Oliveira; 24. Antonio Salgado Silva, depois Barão e Visconde da Palmeira; 25. Rodrigo B. de Godoy Moreira; 26. Cândido Marcondes Ribas. (Destes oficiais os últimos 4 não acompanharam o príncipe até São Paulo).
● De Taubaté – 27. Francisco Xavier de Almeida; 28. Vicente da Costa Braga; 29. Fernando Gomes Nogueira; 30. João José Lopes; 31. Rodrigo Gomes Vieira; 32. Bento Vieira de Moura.
● De Paraibuna – 33. Flávio Antonio de Mello.
● De Mogi das Cruzes – 34. Salva dor Leite Ferraz.”
A edição comemorativa do Centenário da Independência traz ainda o relato histórico do Grito do Ipiranga segundo o comandante da Guarda de Honra e alguns dados biográficos sobre os oficiais de Pinda que a compunham. Dados estes que a página de História trará em sua próxima edição.
1. Clichês. Até o século passado, para ilustrar uma edição havia o custo com a confecção de clichês. A ilustração primeiro era impressa em zinco e colada em madeira no tamanho desejado, depois se paginava com o texto para a impressão. O jornal Tribuna do Norte viveu esse sistema até 1997, quando passou a ser impresso em offset.