Vanguarda Literária : O FISÓSOFO HUMANISTA DE ROTERDAM

ERASMO DE ROTERDAM nasceu em Roterdam (ou Roterdão, nos Países Baixos, em 27 de outubro de 1466 e faleceu em Basiléia, na Suiça, no ano de 1536 e foi considerado um importante teólogo e filósofo do Renascimento. Cursou seminário, viveu como monge agostiniano e foi um grande crítico da Igreja Católica na sua época.

Tinha um apreço especial por sua liberdade intelectual e expressão literária independente de laços acadêmicos, país e opção religiosa. Estudou na Universidade de Paris importante centro de Filosofia Escolástica à época. A sua formação humanística é uma retomada da Filosofia Patrística sendo considerada fundamento de uma concepção ético-religiosa voltada para os valores cristãos primitivos. Dentro dessa linha de pensamento elaborou uma reflexão crítica que se opôs à administração da Igreja pelos pontífices de então, mais preocupados em si, com a sua opulência, do que em espelhar-se em Cristo como modelo de virtude. Dessa maneira, denunciou a Igreja como distante da fé, o que realmente foi uma atitude corajosa que lhe ocasionou retaliações. Portanto, embora fosse um clérigo e cristão, se opunha claramente ao domínio da Igreja sobre a Educação, a Cultura e a Ciência. É importante salientar que ele se ligou a uma corrente do pensamento que defendia a liberação da criatividade e da vontade do ser humano em oposição ao Pensamento Escolástico, segundo o qual as questões terrenas deveriam subordinar-se à religião.

O predomínio do humano sobre o transcendente-ANTROPOCENTRISMO- era o eixo dessa nova filosofia que seria mais tarde conhecida como humanismo e, como altivo humanista e cristão verdadeiro chamou a atenção para a urgente reflexão moral-religiosa cada vez mais presente na sociedade que enfrenta o magno desafio da preservação da espécie e do planeta.

ERASMO DE ROTERDAM deixou obras famosas como “Colóquios e Antibárbaros” e a célebre Crítica do Novo Testamento Grego (“Novum Instrumentum omne, diligenter ab Erasmo Rot. Recognitum et emendatum”). Esteve na Inglaterra em 1499, onde teve contato com grandes pensadores, entre os quais Thomas More, o mais significativo nome do humanismo nas ilhas britânicas (Londres, 1498 -1535) a quem dedicou a sua obra mais conhecida: “O Elogio da Loucura” na qual ele coloca a loucura como um deus que conduz as ações humanas. Segundo ele , é a loucura quem forma as cidades, mantém os governos, a religião e a justiça. Apreciemos o que ele diz sobre os filósofos: “Gabam-se de serem os únicos sábios,mas se tirarem o véu do orgulho e presunção, veremos que não passam de ridículos loucos; falam de astronomia como se conhecessem os astros palmo a palmo. Na verdade, eles não tem nenhuma ideia segura sobre o que afirmam”.

ERASMO DE ROTERDAM foi um ser profundamente preocupado com a condição humana, com a liberdade de expressão, construindo uma obra filosófica que atravessou tempo e espaço. Reflitamos sobre uma das suas afirmativas, escrita no século XIV, que permanece atual, em pleno século XXI: “No campo político, o amor ao próximo como a si mesmo e o respito mútuo são os princípios que o governante jamais deverá esquecer”.

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