História : O histórico Clube Literário e Recreativo
Os primeiros movimentos visando a fundação do Clube Literário tiveram início no dia 7 de maio de 1880. Nessa data alguns cidadãos se reuniram na casa de João Marcondes de Oliveira Cabral para, segundo Athayde Marcondes (Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos, Gráfica Tupy – São Paulo -1922), “assentarem as bases para a criação de uma sociedade literária”.
No dia 17 daquele mês tornaram a se reunir, elegendo a primeira diretoria: presidente – Álvaro Pestana, vice – João Francisco Homem de Mello, 1º secretário – Climério Marcondes de Oliveira, 2º secretário – Francisco Augusto Machado, tesoureiro – Inácio Correa Salgado, procurador – Emílio Paulo de Godoy.
Embora a data de fundação possa ser a da eleição da 1ª diretoria, 17 de março de 1880, o aniversário da entidade é no dia 30 de maio, data que a diretoria tomou posse.
Literário
Para fazer jus à denominação “Literário” coube a cada um dos sócios fundadores a doação de obras para constituir o acervo do clube. As diretorias posteriores fizeram o mesmo e em 1921 o clube dispunha de 5.000 volumes entre obras de cunho científico e literário.
Sobre a biblioteca do Literário, Balthazar de Godoy Moreira relembra (Tribuna do Norte, 9/6/1963) algumas obras ali encontradas: coleção da “Revue du Deux Mondes, livros de Zola, Vitor Hugo, Moliére, Corneille, Pierre Lote, Guy de Maussapant, etc. Já o jornalista Mário Jacinto da Silva (Tribuna do Norte, 5/6/1966) critica os antigos diretores do Clube pelo desaparecimento do acerto. No entanto, Rômulo Campos D’Arace (Retrato da Princesa do Norte, Editora Piratininga – São Paulo-1954) revela que “em 1941 a biblioteca do Literário foi vendida para a municipalidade, constituindo a Biblioteca Municipal”.
Recreativo
Não eram somente as salas de jogos, incluindo a de bilhar, que marcavam as agradáveis horas de lazer no clube, havia também os bailes. Os animados saraus dançantes promovidos pelos estudantes da Escola de Farmácia e de Odontologia onde, segundo a escritora Hilda César Marcondes da Silva (Tribuna do Norte, 17/5/1980), “as casacas pretas se misturavam às anquinhas, vestidos de caudas, corpetes apertadas ressaltando os colos de valiosos adereços”.
Falando sobre os saraus elegantes realizados “naquelas salas de assoalho liso e sob as luzes bruxuleantes dos lampiões de querosene”, a escritora contou no artigo publicando na Tribuna (data já citada) que sempre fora muito presa, não por seu pai e, sim, por sua mãe. “Assim mesmo eu sempre arrumava um jeitinho para umas escapulidas a fim de dançar um fox trot com meus fãs”, relembrava em seu artigo..
Os festejos carnavalescos, quando arlequins, colombinas e Pierrôs rodopiavam num ambiente aromatizado pelos lança-perfumes, colorido pelos confetes e serpentinas, também são relembrados em artigo publicado na Tribuna de 26/4/1980.
Segundo Rômulo Campos D’Arace na obra acima já mencionada, o primeiro prédio a abrigar o clube foi um casarão que ficava na esquina da rua Monteiro César com a Fernando Prestes. Quando esse casarão precisou ser demolido para fazer o alargamento da Fernando Prestes, o Literário passou a ocupar provisoriamente o sobrado que pertencera ao Dr. Miguel de Godoy (foi demolido, ficava em frente à igreja matriz, local que sediou o Banco Mercantil).
Em 1941, adquiriu a antiga residência do ex-prefeito de Pinda, Dr. Benjamin Pinheiro, que ficava ao lado da praça Monsenhor Marcondes (local agora ocupado por edifício de apartamentos e estabelecimentos comerciais). Dali passou a funcionar, de forma provisória, no prédio do antigo Éden Cinema e, finalmente, na década de sessenta se instalou na rua Marechal Deodoro, em terreno adquirido em 1959. Ali, gradativamente, foi ampliando suas instalações.
Literário/Ferroviária
Na iminência de fechar para sempre suas portas, em 3 de dezembro de 1931 (conforme artigo da Tribuna, 24/5/1970), o Literário estabeleceu contrato com a Associação Atlética Ferroviária. “Não podia mais suportar as despesas que avultavam já nos bolsos dos diretores, uma vez que na tesouraria do clube não havia nem para o minguado salário do zelador”.
Por força desse acordo Literário e Ferroviária uniram-se temporariamente. Em maio de 1934 expirou-se o prazo de vigência do contrato e coube a Nicolino Granato convocar uma reunião para tratar da reabertura do clube.
Ao som da vitrola
Separadas as sociedades, a nova diretoria do Literário adquiriu, na Casa Brasileira (extinta), uma vitrola elétrica, pagando quatro contos de réis em prestações de 30 a 40 mil réis mensais. Importância esta paga sem juros porque o valor havia sido quitado à vista pelo próprio Nicolino Granato. Foi com esse equipamento de som (uma vitrola) que o clube passou a realizar as brincadeiras dançantes que estimularam o surgimento de novos associados.
Quando fez 120 anos
No ano 2000, quando completou 120 anos, o clube dispunha de piscinas, sauna, quadra poliesportiva, quadra de vôlei de areia, área de speare-ball, ducha escocesa, biblioteca, bar e lanchonete, sala de tv, sala de judô, salão de jogos, campo de futebol soçaite, etc.
Dentro de sua programação social realizava eventos artísticos como teatro e festivais, além de cursos, palestras, etc.
O Clube Literário e Recreativo de Pindamonhangaba já foi palco de acontecimentos memoráveis. Artistas de todo o Brasil já se apresentaram no clube (cantores, atores e autores). Para o município sua existência foi imprescindível levando-se em conta a falta de um teatro. As primeiras edições do Feste-Festival de Teatro Amador e do Festil – Festival Estudantil de Teatro foram realizadas no quase bissecular Clube Literário, entidade que surgiu antes dos, há muito extintos, Éden Cinema, Rádium Parque, etc.
Infelizmente sua caminhada foi interrompida em 2003.