O maio mais letal da pandemia
No último sábado (8/5), o estado de São Paulo chegou a 100.649 vidas perdidas para a doença desde o início da pandemia, segundo dados divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O número foi alcançado pouco mais de um ano após a confirmação da primeira morte, em 12 de março de 2020.
Na primeira semana de maio, a marca reflete a dramática estatística registrada em abril, considerado o mês mais letal de toda a pandemia no estado e no país, superando o recorde anterior, de março de 2021. Se fosse um país, o estado de São Paulo seria o nono com mais vítimas, mais do que o total de óbitos de países mais populosos, como Alemanha, Espanha e Colômbia.
Em 29 de abril, o Brasil ultrapassou 400 mil mortes por Covid-19. A marca dos primeiros 100 mil óbitos no Brasil foi atingida em 149 dias; Dos 100 mil para os 200 mil, passaram-se 152 dias; Mas para chegar aos 300 mil, foram necessários somente 76 dias, número que agora caiu quase pela metade.
Atualmente a taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado é de 78,5% e na Grande São Paulo é de 76,5%. O estado de São Paulo chegou a 2.997.282 casos confirmados da doença desde o começo da pandemia. No dia 06 de abril, o estado registrou o recorde de mortes por Covid-19 ao contabilizar 1.389 óbitos em um dia.
No estado de São Paulo, o número diário de novas internações pela doença, que estava em queda, parou de cair há pouco mais de uma semana. A média móvel de internações chegou ao seu maior nível em 26 de março, com 3.399 hospitalizações ao dia. Após um mês de queda, a média diária de novas internações por Covid-19 chegou a subir por alguns dias no final de abril. Segundo especialistas, ainda é cedo para avaliar se a curva voltará a subir de forma constante ou entrará em estabilidade, mas eles alertam que a desaceleração da queda é um ponto de atenção.
As restrições da quarentena estadual começaram a ser flexibilizadas no dia 12 de abril, quando acabou a fase emergencial, a mais rígida, e foi retomada a fase vermelha. Desde então, a fase vermelha também foi encerrada e o governo anunciou uma nova etapa da quarentena, a chamada “fase de transição”, em vigor desde o dia 18 do mês passado.
Diante dos dados acima descritos, o questionamento que fazemos é o seguinte: As medidas de restrições foram eficientes? Com a estatística acima, percebemos que não. Faltou planejamento sincronizado entre municípios, Governo Estadual e União, pois não adianta decretar “fique em casa”, sendo que a maioria das famílias não tem como colocar o alimento na mesa, se não for trabalhar, geralmente os informais, que fazem parte dos quase 14,4 milhões de desempregados. Além do mais, para ficar em casa, o consumo de energia, água, internet, naturalmente vai aumentar, mas ninguém pensou no pagamento dessas contas básicas.
O auxílio emergencial não foi suficiente, e agora, com seu valor reduzido, no mínimo é irrisório, pois os gêneros alimentícios sobem semanalmente. Outro fator importante foi a demora na aquisição de vacinas, que até agora ainda é um impasse. Ainda hoje não existe um protocolo padrão de atendimento para aquele cidadão que sente algum dos sintomas e se dirige a unidade de saúde, pois uma vez realizado o exame PCR, ele é mandado para casa e orientado a ficar em isolamento, até a vinda do resultado, que demora em média 14/15 dias. Sabemos que para esse isolamento total, somente uma minoria pode fazer, a grande maioria não tem como fazer, pois reside com mais 5, 6, 7 ou mais pessoas no mesmo imóvel, e o que acontece é que, se a pessoa estiver contaminada ela irá transmitir para os outros que residem naquele imóvel. Mas o pior é que, enquanto o resultado não chega, e se a pessoa estiver contaminada, a evolução é muito rápida, não dando tempo de buscar auxílio médico novamente. Muitas pessoas evoluem a óbito sem saber o resultado desse exame.
Mas o pior parece que está por vir. A capital de São Paulo, parece ter estabilizado a ocupação de leitos, enquanto que no interior os casos ainda estão numa crescente, sem leitos para internação, colapsando o sistema de saúde. E é justo nessa hora que o governo do estado divulga uma nova fase de transição, contrariando inclusive o Comitê de Gestão ao Covid. Não se pode fazer essa transição igualitária para todo o estado, pois o interior e outras regionais não tem a mesma capacidade hospitalar da capital. Essa medida nesse momento pode ser ainda mais desastrosa.
Deixamos de acompanhar a estatística de óbitos apenas com números, e agora acompanhamos com nomes de familiares, amigos conhecidos, quando entramos na rede social, diariamente vemos mais vítimas do Covid. Estamos vivendo tempos de guerra, e o pior, não podemos contar com o Estado. O momento é de cautela redobrada. CUIDEM-SE!