Editorial : O nosso luto
Tragédia em Brumadinho. As chuvas no Rio de Janeiro. O ‘Ninho do Urubu’. A morte do Boechat… Uma série de acontecimentos trágicos neste início de ano colocou os brasileiros diante de um sofrimento coletivo. Os fatos recentes geram uma mistura de tristeza, de indignação, de frustração, de angústia e de desânimo.
Grandes tragédias suscitam umas das emoções mais básicas do ser humano: a tristeza oriunda de um sentimento de perda.
A verdade é que todos nós perdemos. O tempo todo. É natural. Mas, o fato de ser natural, não impede de ser doloroso. Perder pode doer muito.
Mas é preciso entender que todas as emoções ensinam algo. Aprender a lidar com elas –, sejam agradáveis ou desagradáveis –, é fundamental para que as pessoas possam se desenvolver de maneira saudável.
Vivenciar a tristeza e o luto é o que possibilita às pessoas que sofreram perdas reconstruir a própria vida. No caso do luto coletivo, ele pode servir como alicerce para a reorganização de uma comunidade.
É normal chatear-se por conta de um desastre. Tragédias de grandes proporções podem provocar raiva e sensação de injustiça. No entanto, é possível transformar todos esses sentimentos em algo positivo, se canalizarmos tudo em ações para evitar que novos episódios como esses se repitam.
O luto permite a “virada”. A retomada da vida e o renascimento da esperança e do desejo de viver. Afinal, em última análise, o luto nos lembra o quão fortes são os vínculos que nos ligam a outras pessoas, sejam elas da nossa família, da nossa cidade, de Brumadinho ou do Flamengo.