Nossa Terra Nossa Gente : O SINGULAR ATHAYDE MARCONDES, FIGURA PLURAL NO CENÁRIO HISTÓRICO DA PRINCESA DO NORTE

Uma das figuras mais notáveis da história de Pindamonhangaba é, sem dúvida, José Athayde Marcondes (1863 – 1924),autor do compêndio de 601 páginas“Pindamonhangaba Atravéz de Dois e Meio Séculos”,emque registra apontamentos históricos, geográficos, genealógicos, biográficos, cronológicos, bibliográficos, estatísticos e noticiososda Princesa do Norteno períodode 1672 a 1922.

Esse panteãovivo de Pindamonhangabafoi dedicadoà “memória do fundador de Pindamonhangaba, Capitão Antonio Bicudo Leme,e de D. Catharina, rainha, regente de Portugal, sua emancipadora”. A segunda parte da obra, Athayde dedica:“a’ saudosa memória de meu filho Lincoln de Athayde Marcondes, fallecido a 19 de junho de 1921”.

No prefácio, Athayde registra seu propósito para com o magistral feito: “Organisei-o para contar aos pósteros a História brilhante desta terra e a de seus ilustres filhos com que tanto souberam dignifical-a”,consideradapela crítica deMonteiro Lobato uma obra célebre porreunir“a colectaniaexacta dos seus homens notáveis e de suas cousas memoráveis”.

A ortografia vigenteno início do século 20, não impede que pesquisadores adentrem suas páginas e delas retornem com tesouros recolhidos por Athayde numa época em que publicar um livro era um ato heroico, resultado da obstinada determinaçãoe do louvor à terra em que o autorse lançou a historiar.

Além do “Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos” (1ª edição em 1906 e a 2ª edição ampliada e comemorativa do Centenário da Independência, 1922), Athayde Marcondes também publicou “Geografia de Pindamonhangaba” (com esta obra tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo), “História da Revolução de 42” (explanação da Revolução Liberal de Minas Gerais de 1842 e com a qual ingressa na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro), “Viagens ao Paraná”, “Continhos”, “Amarantos e Sonatas”.

O manuscrito “Música e Musicistas – Histórico da Música do ano 37 da Era Cristã até 1922”é também comemorativo do Centenário da Independência, entretanto, em decorrência do grandeporte da obra (aproximadamente 800 páginas) não foi possível publicá-la na época. Atualmente, essa preciosidade integra o acervo do Centro de Memória Barão Homem de Melo.

Por incrível que pareça, as obrasde AthaydeMarcondes revelamapenas um lampejo dos sessenta anos de vida aqui experenciados. O pindamonhangabense nascido em Taubaté foijornalista, redator, proprietário do jornal Tribuna do Norte, historiador, poeta, farmacêutico, militar (com status de capitão), professor, teatrólogo, músico, compositor, maestro da Banda Euterpe, vereador e intendente (cargo que na época correspondia ao de atual prefeito). A ele cabe a autoria do brasão de Pindamonhangaba e do Obelisco da Praça Monsenhor Marcondes.

A memória desse“cidadão pindamonhangabense” (outorga de 2014), que fez e faz história na Princesa do Norte,é cultuada no busto em sua homenagem na Praça Monsenhor Marcondes, no Arquivo Histórico Municipal Athayde Marcondes, na Academia Pindamonhangabense de Letras (Cadeira 13, atualmente ocupada porseu neto, José Luiz Gândara Martins) e, desde 2013, estampa a Medalha de Mérito Athayde Marcondes,concedida pela Câmara Municipalàs pessoas e instituições que lutam em prol da cultura de Pindamonhangaba.

Entre seus plurais, uma singularidade: dentre homens notáveis e causas memoráveis, Athayde Marcondes figura soberano no céu de sua eleita, a Princesa do Norte -“berço perfumado de meus doces amores e terra querida de meus filhos, onde eu passei cantando a minha juventude e embalei-me sorrindo nos sonhos encantados da minha saudosa mocidade!”.

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