O voluntariado sendo pesquisado (parte 2)
Quero continuar analisando a pesquisa em alguns pontos específicos, cabe salientar que não é uma crítica, mas sim uma análise pelo meu olhar profissional do assunto. E deixo claro mais uma vez a importância de pesquisas no campo do voluntariado, todas são fundamentais para continuar embasando o trabalho de muitos grupos e incentivando quem ainda não pratica o voluntariado de forma contínua.
Trecho retirado do site do Jornal Agora Vale, “A pesquisa 2021 é um retrato da última década de atuação voluntária no Brasil, com destaque para avanços do voluntariado empresarial, os megaeventos realizados no país, como a Copa do Mundo, em 2014, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2016, e o impacto da pandemia”, avalia Felipe Pimenta, consultor da Pesquisa 2021.” “Os dados são de um levantamento realizado pelo Datafolha, em parceria com o Instituto para o Desenvolvimento Social (Idis).
Temos novamente que comemorar, o assunto está mais ativo na sociedade, as pessoas percebem a importância do trabalho voluntário e a solidariedade está em alta. Perfeito.
Mas questiono, não a pesquisa, mas o dito trabalho voluntário nos megaeventos, que nada tem de social, como a Copa do Mundo de Futebol, onde está o social, os jogadores se utilizam deste evento para valorizar seu trabalho e seu passe, os clubes ganham por terem esses jogadores, a Fifa ganha com patrocínios e a venda de ingressos caríssimos, tudo isso influencia os jovens a buscarem esta dita carreira mágica onde jogando futebol ficam milionários, mas sabemos que isso é para poucos. Por que ter voluntários neste tipo de evento? Já que se cobra tudo e todos ganham.
Nas olimpíadas tenho a mesma percepção, o único que percebo que deveria ser incluído o voluntariado sem ressalvas são as paraolimpíadas, pelo seu aspecto inclusivo, neste sim com o social aparente.
Acho que nestes eventos temos o mesmo problema de semântica que acontece com os hostel’s em todo o mundo, chamar a troca de serviços de voluntariado. Isso é uma troca, escambo, onde eu entro com o meu trabalho e no caso dos jogos, assisto a jogos que tenho interesse, ou no caso dos hostel’s, me hospedo de graça para fazer turismo e parte do meu tempo trabalho no atendimento, limpeza ou cozinha. A relação esta clara e estabelecida, sem nenhum problema, o único problema é utilizar a palavra voluntariado.
Não podemos chamar de médico quem não é, de dentista quem não é, de advogado quem não é, por que podemos chamar de voluntários todo mundo? O mundo do voluntariado é muito sério para deixarmos de dizer verdades como esta. Não podemos banalizar a palavra até o ponto que será banalizado a ação. Por respeito ao trabalho voluntário.