Os carros a combustão vão acabar?
A invasão dos carros elétricos nos mercados de países que ainda não estão tão preparados para receber a tecnologia, como o Brasil, será gradual. Principalmente, pelo fato de não contarem com a infraestrutura necessária para suprir a demanda. De qualquer forma, ela acontecerá, e não terá mais volta.
Diante desse cenário, surge uma dúvida bastante pertinente: afinal, o que acontecerá com os carros a combustão quando veículos movidos a gasolina não forem mais produzidos?
Infelizmente, ainda não há uma resposta definitiva para quem está preocupado com essa questão. No entanto, o panorama que vem se desenhando não parece ser muito animador para quem hoje olha para o mercado de carros elétricos e torce o nariz, tanto pelas questões que já foram amplamente abordadas (altos preços, falta de infraestrutura, etc.) quanto por, simplesmente, preferir o ronco dos potentes motores a combustão.
As montadoras já estão se programando para eletrificar 100% da frota nos próximos 10 anos, e vários países, principalmente na Europa, já decretaram o fim dos carros a combustão dentro de prazos que variam entre 15 e 20 anos. E como o Brasil está tratando a questão?
No nosso país, um projeto de lei de autoria do ex-senador Ciro Nogueira, hoje ministro da Casa Civil, tem o assunto como tema central. O texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado em fevereiro de 2020 e agora está nas mãos da Comissão de Meio Ambiente (CMA). Ele quer proibir a venda de veículos movidos a gasolina e diesel no Brasil a partir de 1º de janeiro de 2030. A matéria determina ainda a proibição da circulação de veículos movidos a combustão a partir de 2040.
No entanto, antes de decretar o fim definitivo da fabricação e, principalmente, da circulação de veículos a combustão no Brasil, há muitos outros pontos a serem discutidos. Entre eles, destaque para qual matriz energética será adotada e qual a capacidade total dela.
Apesar de alguns estados já contarem com redes de postos de recarga, o Brasil é um país com dimensões continentais e não haverá a curto prazo, uma estrutura para atravessar o país com um carro elétrico, enquanto os preços dos carros elétricos e a rede de recarga das baterias não forem mais acessíveis.
Vale lembrar que nós temos o etanol, os biocombustíveis e o pré-sal. Será que essa é a solução para a sobrevida dos carros a combustão? É esperar para ver.
Adelson Cavalcante
Jornalista Mtb. 56.011/sp
Presidente da AJOP