Vanguarda Literária : Osório Duque Estrada, o trovador
Muitos brasileiros, com toda certeza, apenas evocam o nome de OSÓRIO DUQUE ESTRADA como o autor da letra atual do Hino Nacional Brasileiro. Esse intelectual, nascido no Estado do Rio de Janeiro, em Paty do Alferes no ano de 1870, também compôs trovas.
No seu livro “O NORTE”, ele coloca o esplendor da sua alma lírica, nesse belo gênero literário que é a Trova, a mais poética de todas as formas populares.
E, esse vate comprova-nos o que escreveu o grande escritor brasileiro Jorge Amado: “Para mim, não existem formas maiores ou menores de poesia. A trova e o trovador são imortais!”
Com muita propriedade, o escritor baiano estava se referindo ao verdadeiro conceito de poesia, que não reside na sua forma, e, sim, no conteúdo, na sua essência. Assim, podemos afirmar, sem nenhum temor de cair no erro, que abundam no nosso sofrido país, os versejadores e escasseiam os genuínos poetas, comprometidos com a Verdade Divina, como já afirmavam os fenícios há mais de dois mil anos!
Os grandes poetas não se prendem ao culto submisso ao atualismo efêmero. Ao exercer a sua tarefa humilde, mas edificante, devem ter em mente que o trabalho poético é uma bênção, uma elevação do espírito. E, como fazem falta, nesses tempos modernos de Tecnologia massacrante, de culto ao material, a abordagem às coisas da alma, do existir humano!
OSÓRIO DUQUE ESTRADA pertenceu a uma estirpe de seres privilegiados, pois sempre almejou ornamentar o seu espírito com a riqueza da cultura, nos seus 57 anos de vida trilhados nesse mundo.
E, apreciemos que lirismo se encontra nas Trovas que nos legou, as quais foram musicadas pelo inesquecível maestro de renome internacional, Alberto Nepomuceno:
“O amor perturbou-me tanto
que este contraste deploro:
querendo chorar, eu canto,
querendo cantar, eu choro !
Quem se condói de meu fado
vê bem como agora eu ando:
de noite, sempre acordado,
de dia, sempre sonhando.
Por isso, a verdade nua
esse tormento contém:
minh’alma não sendo tua,
não será de mais ninguém.”
Ao lermos sobre as obras literárias desse homem de letras, convictos ficamos de uma verdade: a luz divina e imensa é o serviço do amor, sem láurea ou recompensa, e que devemos sempre oferecer a quem chora o afago da ternura, mesmo ante o açoite da borrasca do inverno…
E, servir no amor, como esse maravilhoso poeta, é identificar-se com o Deus Pai, doando-se sem a ânsia de nada receber como resposta, repudiando a vaidade que destrói a alma do homem, cavando masmorras à maldade e elevando templos ao bem-querer, para que, cada um de nós possamos dizer:
Eu caminho pela vida,
de peito aberto, sem medo,
porque da fé fiz guarida
e, da luta o meu segredo!
Com fé, vivendo e lutando, assim foi o imortal OSÓRIO DUQUE ESTRADA!