‘País não tem planejamento’, diz presidente do BNDES
A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos, disse na segunda-feira, 1, ressentir-se de o Brasil ser um país que não tem planejamento em suas políticas públicas. “A distração faz parte da vida. Você combate isso com planejamento, coisa que nem sempre as pessoas gostam de fazer, mas é fundamental. Eu me ressinto pelo fato do nosso País não saber onde quer estar em cinco, dez anos”, comentou durante a reunião anual da Fundação Estudar, criada pelo investidor Jorge Paulo Lemann.
Maria Silvia afirmou que só aceitou ser presidente do BNDES após uma ligação do presidente interino, Michel Temer, e porque estava muito descrente dos rumos do Brasil. “Eu estava descrente do que eu gostaria de ver para o Brasil na minha vida, então estou tentando mudar para meus filhos”, afirmou. Ela disse sentir muita falta de um senso de urgência no País. “Quando alguém me diz que uma coisa é difícil, vai levar dez anos, eu digo: Dez anos e um dia porque hoje nós já perdemos.” Por diversas vezes ela afirmou que é motivada pelo desafio e que gosta de resolver problemas.
A executiva também criticou a argumentação de que a atual crise pela qual o Brasil vive veio de fora. “Vamos cair na real, nossa crise foi feita por nós”, destaca. Ela disse ter a sensação às vezes de que o País “se tornou um pouco inviável”. “O Estado cresceu de tal forma, a burocracia, os processos… Isso sufoca as pessoas.” Segundo ela, se o Brasil não parar para repensar de forma muito séria seus rumos, vai ficar “rateando”. “Nossa lei trabalhista é da década de 1950, eu ouço falar de reforma tributária há décadas.”
Maria Silvia desacredita que a mudança necessária venha do governo. Segundo ela, a inflação, por exemplo, só foi eliminada quando a população viu que estava insuportável. “A corrupção só vai acabar quando a sociedade se tornar intolerante“, afirmou. Para ela, o Brasil tem um Estado fraco. “O Estado forte não é grande, é o Estado que fiscaliza, controla, provê serviços essenciais. Hoje nós temos um Estado fraco”, concluiu.