Papo Reto com Dra Ângela Aguiar
Encerrando o mês em que foram realizadas muitos eventos para as mulheres, trazemos como entrevistada no Papo Reto de hoje a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher, Dra Angela Aguiar. Formada em Direito pela Universidade de Taubaté no ano 2000, é especialista em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade DAMASIO de Jesus, também exerceu a advocacia por 03 anos e há 20 anos ingressou por meio de Concurso Público na carreira de Delegada de Polícia da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Está à frente da DDM desde 2020 e também já atuou em Ubatuba.
TN – Qual é o papel fundamental da Delegacia de Defesa da Mulher na proteção dos direitos e da segurança das mulheres?
Dra Ângela Aguiar – A Primeira Delegacia de Defesa da Mulher, foi inaugurada no estado de São Paulo em 6 de agosto de 1985 durante o governo Franco Montoro. Em São Paulo capital está situada a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do País. A partir de sua criação, surgiram mais delegacias em outros estados do Brasil.
A Delegacia da Mulher, é um órgão público brasileiro criado para o combate à violência contra as mulheres. A Delegacia da Mulher tem por princípios:
• Assegurar tranquilidade à população feminina vítima de violência, através das atividades de investigação, prevenção e repressão dos delitos praticados contra a mulher;
• Auxiliar as mulheres agredidas, seus autores e familiares a encontrarem o caminho da não violência, através de trabalho preventivo, educativo e curativo efetuado pelos setores social, psicológico e jurídico.
TN – Como você vê a importância da atuação da Delegacia na prevenção da violência contra as mulheres?
Dra Ângela Aguiar – O Combate a Violência Doméstica é complexo e exige uma união de esforços de todos os entes da federação. A Delegacia de Defesa da Mulher como órgão de polícia judiciária é de suma importância para a apuração, identificação e punição dos crimes de violência doméstica. Todavia muitos outros órgãos e equipamentos estão envolvidos nesse combate, haja vista que existe uma Rede de Proteção a Vítima.
TN – Quais são os principais desafios que você enfrenta em sua posição como delegada da mulher e como os supera?
Dra Ângela Aguiar – A entrada em vigor da Lei Maria da Penha trouxe grande avanço e aos poucos percebo uma evolução da sociedade e dos órgãos de representatividade no combate a Violência Doméstica. Pensamentos e comportamentos misógenos que relegavam a mulher a uma segunda categoria estão cada vez mais superados. Não percebo descrédito, diminuição da minha posição ou preconceito pelo fato de eu ser uma mulher e comandar uma delegacia de polícia, mas para a mulher ainda nos dias de hoje não é fácil assumir posições de mando. Posso dizer que: “enquanto um homem chega no segundo andar por meio de um elevador, a mulher ainda vai de escada”. É mais dificil sim, é mais custoso sim, requer muitas vezes uma reafirmação de sua competência. Eu acredito muito na educação como uma forma de mudar esses paradigmas e ver esse tema levado aos bancos escolares é uma necessidade. Precisamos repensar e refletir sobre o papel da mulher e do homem na atual sociedade.
TN – Como você acredita que a polícia e a comunidade podem trabalhar juntas para combater a violência contra as mulheres?
Dra Ângela Aguiar – A Polícia Militar atua prevenindo que o crime aconteça, a Polícia Civil atua depois que o crime já aconteceu, identificando e punindo o agressor. Além das polícias, temos vários outros órgãos da sociedade que funcionam como verdadeiros atores nessa missão. Se a violência doméstica envolve vulnerabilidade precisamos nos valer dos crass, conselhos , caps,. A violência doméstica é antes de tudo uma questão social e por isso sua complexidade e necessidade de envolvimento da comunidade.
TN – Qual mensagem você gostaria de transmitir às mulheres sobre a importância de denunciar casos de violência e abuso, e como a Delegacia Da Mulher pode ajudá-las nesse processo?
Dra Ângela Aguiar – Encerrando o mês de março, mês destinado as lutas que envolvem a mulher a mensagem que eu gostaria de deixar é que todas as mulheres, mas todas mesmo, sem exceção são forte e são capazes de conseguir o que elas desejam. Não tenham medo de denunciar, de romper o ciclo da violência, de reescrever a própria história. Como já disse o poeta, cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz!