História : Parabéns Mercado Municipal: 75 anos de existência!
Histórico prédio com acesso por quatro ruas centrais da cidade, o Mercado Municipal de Pindamonhangaba, assim como todo estabelecimento comercial semelhante instalado em municípios do interior ou de capitais, vai além de um local onde se pratica o comércio de gêneros alimentícios e demais mercadorias ou de um local pra se mercadejar… É, em especial nas manhãs sabatinas e domingueiras, o ponto dos encontros do povo com as manifestações culturais de cada tempo ao sabor das décadas que se multiplicam.
Nesta terça-feira (25) é aniversário daquele que, apesar dos “hipers” e “supers” da atualidade, mantém seu espaço e continua carinhosamente sendo o conhecido “mercadão da cidade”. A contar pela data de sua inauguração, o Mercado Municipal, prédio com entradas pelas ruas Capitão José Vieira Ferraz, Rubião Junior, Campos Sales e Dr. Gustavo de Godoy, completa mais um ano de Pindamonhangaba.
Já faz 75 anos…
Era prefeito o Álvaro Pinto Madureira. Manhã do dia 25 de janeiro de 1947. Chovia! A população foi debaixo de chuva mesmo participar da inauguração. Finalmente seria inaugurado o aguardado prédio próprio de seu Mercado Municipal.
Antes de recordarmos esse que foi um dia importante para a administração municipal, população e comerciantes, refaçamos, de maneira objetiva, o caminho seguido até a inauguração…
Garimpando bons autores, aqui cito Athayde Marcondes, Balthazar de Godoy Moreira, Eloyna Salgado Ribeiro, Vasco Cesar Pestana etc… chegamos à romântica história do mercado de Pinda.
Até onde damos conta, ele funcionava na antiga praça Padre João de Faria Fialho, então denominada “Praça dos Homens”. Poderia ser das mulheres também, “dos Homens” porque era “terra” dos ilustres pindamonhangabenses Homens de Mello. Grandes homens de nossa Pinda.
Nesse tempo já funcionava, penso, de forma rudimentar e adaptativa. Quando finalmente foi construído um prédio à altura para abrigá-lo. Perdeu-o. O 2º Corpo de Trem precisava de um quartel pra não ir embora do município. A Administração Municipal negociou o prédio, que seria do mercado, com o Governo Federal, para que, após reformas, suas dependências se tornassem adequadas a sediar uma unidade militar. E o prédio foi cedido ao Exército Brasileiro (foi a partir daí, em 1919, que o local passou a ser quartel para as unidades destacadas para esta cidade)
O mercado então passou a ocupar a mesma praça, os fundos do sobrado que antes pertencera ao coronel Joaquim Homem de Mello. Vasco Cesar Pestana, cidadão que secretariou diversos prefeitos (segundo minhas pesquisas, com muita competência), na edição de 2/7/1983 do jornal Tribuna do Norte, relembra que esse mercado ficava na rua Bicudo Leme, que naquele tempo era a rua dos Andradas.
Daquelas instalações provisórias, o mercado passou a ocupar um grande barracão – ainda segundo Vasco Cesar Pestana, Tribuna do Norte, 1º/12/1984 – localizado em uma área verde entre as atuais ruas 10 de Julho e a Dos Expedicionários, com frente para a avenida Fernando Prestes.
Conforme César Pestana, em 16 de maio de 1940, o prefeito, era o capitão José Martiniano Vieira Ferraz, por força de lei municipal, desincorporou essa referida área da classe dos bens públicos de uso comum do povo e a incorporou aos bens patrimoniais do município.
Aí a semente do atual prédio do Mercado Municipal… A área foi dividida em lotes e o produto da venda aplicado na aquisição do terreno destinado sua construção.
A pedra fundamental
Fomos garimpar os arquivos desta Tribuna do Norte e, em sua edição de 2/2/1947, encontramos informações referentes ao lançamento da pedra fundamental, marco de sua construção, no dia 6 de janeiro de 1945, pelo então prefeito João Romeiro Filho.
Conforme o articulista da Tribuna, naquela manhã do dia 25 de janeiro, data solene do lançamento da pedra fundamental, chovia… “Chuva impertinente e fria, foi o cimento solidificar o desejo dos pindamonhangabenses…”
No ato festivo falaram o major João Romeiro Filho, o Dr. Manuel Ignacio Romeiro e o padre Rodrigo de Araujo. Coube ao secretário da prefeitura, Vasco Cesar Pestana, a leitura da ata cerimonial.
“A população local vibrou de entusiasmo por aquele ato do senhor prefeito, o qual não medindo sacrificios e atribulações, iria dotar a nossa cidade do tão esperado mercado”, revela a matéria da antiga Tribuna. E prossegue: “…a satisfação dos pindamonhangabenses foi ainda maior quando viram que já no dia seguinte ao do lançamento, as obras eram iniciadas”.
Segundo o ritmo da construção, tudo dava a entender que logo ocorreria a inauguração, no entanto, Romeiro Filho deixa a prefeitura e acontece “uma longa paralisação nos trabalhos”. Felizmente reiniciados na administração do prefeito Álvaro Pinto Madureira.
O novo prefeito, ciente da necessidade e utilidade daquele próprio municipal, teria confiado a sua conclusão à Construtora Pindamonhangaba, segundo a Tribuna, “Empresa de construções que, sendo embora de criação recente já tinha feito muito pelo progresso da nossa terra”.
Fato curioso é que na época, talvez devido a um orgulho natural e bairrista um tanto exagerado, depoimentos vários colocavam o mercado de Pinda como melhor e mais bem situado do Estado de São Paulo.
O prédio do mercado
Descrição do prédio conforme o redator da Tribuna na época:
“Construção bastante sólida e de aspecto atraente, possui as mais exigentes condições de higiene e conforto, ao lado de uma bem estudada disposição dos seus inúmeros apartamentos e de facílimo acesso ao público quer urbano, quer rural.
“A sua construção está situada numa praça o que permite possuir o referido prédio, nada menos de quatro frentes, constituindo cada uma delas, enormes entradas por ruas amplas e de pouco movimento.
“A sua área total é de mais de 3.000 metros quadrados e possui 108 espaçosos apartamentos, todos dotados de luz direta, água corrente e esgotos. Além desses apartamentos, há em cada ângulo do edifício um amplo armazem, num total de quatro. As suas paredes são todas cobertas internamente por azulejos, os balcões são de granito, o piso de cimento e a coberta de chapas de brasilit.
“O custo total dessa importante obra ultrapassou a quantia de um milhão de cruzeiros e foi inteiramente feito com recursos financeiros da municipalidade.”
A inauguração
Assim como na manhã do lançamento da pedra fundamental, chovia torrencialmente naquele 25 de janeiro de 1947. Entretanto, isso não foi motivo para o povo ficar em casa. Os munícipes haviam acompanhado com interesse o andamento das obras e não iriam perder aquela inauguração da prefeitura.
O ato inaugurativo, conforme a TN, aconteceu pela manhã, bem cedo mesmo… “Precisamente às 6h30 chega ao local o senhor Álvaro Pinto Madureira que, cortando sob calorosos aplausos da população a fita simbólica que fechava o referido portão, dava por inaugurado tão esperado melhoramento”. Em seu pronunciamento referente à inauguração, o prefeito Álvaro Pinto Madureira comentou sobre as dificuldades que tivera para ver concluído o trabalho tão esperado pelo municipio.
Finalizando a matéria e parabenizando aquela administração pelo feito, o jornal Tribuna destacou a participação do prefeito Álvaro Pinto Madureira; a do anterior, major João Romeiro Filho e a do autor do projeto de construção, Abel Correa Guimarães, naquele tempo diretor de Obras da Prefeitura, responsável pela fiscalização do andamento das obras. Aqui acrescentaríamos também a esta trinca o nome do ex-prefeito capitão José Martimiano Vieira Ferraz.
O Mercado Municipal em seu interior, atualmente, devido às reformas e obras de conservação realizadas ao longo das décadas pelas administrações, incluindo a atual, apresenta muito pouco de sua forma primitiva, a não ser o traçado das alas que o dividem.
Parabéns a todos que atualmente mantêm ponto de comércio no Mercado Municipal. São 75 anos de funcionamento. Há de se destacar os comerciantes que carregam o sobrenome e o ofício daqueles que foram os pioneiros a se estabelecer neste histórico e importante prédio comercial. Cumprimentos estendidos aos servidores municipais que atuam na manutenção e administração do mercado.