Pindamonhangaba na 2ª metade do século XIX
Segeiro, trançadeira, arreador, funileiro e engenheiro eram algumas das profissões exercidas no município.
Em 1874 uma comissão censitária foi nomeada para organizar a estatística do município de Pindamonhangaba e o resultado foi o seguinte:
População do município – 13.913 habitantes, sendo 7.325 do sexo masculino e 6.588 do sexo feminino, distribuídos por 2.225 fogos (moradias). A população da cidade, referindo-se às pessoas residentes na área central do município, era de 4.025 habitantes.
Até o quesito raças fora avaliado naqueles longínquos anos 70 do século XIX, apontando os seguintes números: brancos – 6.423; pardos – 2.329; caboclos – 1.454; negros – 4.427. Ressalte-se que “caboclo” era a definição dada ao indivíduo mestiço de branco com índio, mas também o índio era assim denominado. Quanto aos negros é oportuno lembrar que era ainda tempo de escravidão.
Quanto ao estado civil, registraram os responsáveis por aquele censo, 3.887 casados, 738 viúvos e 9.288 solteiros.
A procedência quanto à naturalidade fora minuciosamente avaliada, apresentando: 12.302 paulistas, 125 fluminenses, 175 mineiros, 82 baianos, 13 pernambucanos, 13 maranhenses, 5 cearenses, 4 rio-grandenses- do- sul, 4 paraenses, 3 catarinenses, 2 rio-grandenses- do- norte, 1 sergipano, 1 alagoano . Ainda quanto à naturalidade são citados 6 habitantes procedentes de “município neutro” e em seguida, entre parênteses: Rio de Janeiro.
No referente à nacionalidade eram 12.735 brasileiros, 986 africanos, 116 portugueses, 37 italianos, 16 ingleses, 13 alemães, 3 paraguaios e 1 argentino.
Como cidadãos que tinham profissão conhecida, contavam-se 8.958, assim distribuídos: na lavoura – 6.822; no comércio – 248; serviço doméstico – 1.331; costureiras – 567; marceneiros – 15; carpinteiros – 133; pedreiros – 31; ferreiros – 25; sapateiros – 13; seleiros – 2; alfaiates – 48; funileiros – 6; ourives – 5; telheiros – 3; pintores 6; fogueteiros – 2; ferradores – 1; carreiros – 13; cocheiros – 8; arreadores – 23; lavadeiras – 40; rendeiros – 6; fiandeiros – 8; trançadeira – 1; jardineiro – 1; segeiro – 1; dentistas – 4; professores – 21; tipógrafos – 6; farmacêuticos – 4; parteiros – 3; médicos – 3; engenheiros – 3; advogados – 5; empregados públicos – 22; proprietários – 35; capitalistas – 3; sem profissão conhecida – 4955.
O pitoresco desta relação fica por conta de determinadas profissões existentes naquela época como: segeiro, que era o fabricante de seges, ou seja, carruagens; trançadeira, que deveria ser algum ofício ligado à arte de trançar, fazer objetos ou utensílios a partir do trançamento do bambu, por exemplo. Também nos chama a atenção as denominações, funileiro e engenheiro, ofícios que atualmente referem-se aos profissionais das oficinas de autos e da engenharia, respectivamente. Naquele tempo, funileiro era quem trabalhava com folhas-de-flandes, folhas de ferro estanhadas utilizadas no fabrico, além de funil, de utensílios como canastras, baús, canecas, latões etc. Já o engenheiro era o trabalhador no engenho da cana-de-açúcar.
No que diz respeito à religião, Pindamonhangaba contava com 13.905 católicos e, curiosamente, apenas 8 não católicos, constando na estatística a grafia “acatólicos”.
Na instrução pública o quadro apresentado era: 2.182 pessoas que sabiam ler e escrever, sendo 1.579 homens e 603, mulheres: havia 3 colégios, sendo 1 para meninos e 2 para meninas; esses colégios eram freqüentados por um total de 344 alunos; população escolar, faixa etária de 6 a 15 e de 19 a 27 anos. Havia também o item “letrados”, constando do seguinte: “existem no município 19 homens de letras, sendo 11 formados em direito, 6 em medicina e 3 em cânones” (composição musical).
A expectativa de vida do pindamonhangabense também era destacada com a divulgação de que havia na cidade 11 pessoas na faixa etária de 90 a 100 anos, sendo 3 mulheres e 8 homens. Com mais de 100 existiam 6 mulheres e 3 homens. De 80 a 90 anos, havia 57 pessoas, sendo 30 mulheres e 27 homens.
Topografia. A cidade possuia 18 ruas, 4 travessas, 5 largos. Havia 543 casas, das quais, 500 térreas, 29 assobradadas e 14 sobrados, sendo numeradas 419.
Os edifícios públicos eram o Paço da Câmara Municipal, em cujo pavimento térreo funcionava a cadeia pública; as igrejas, Matriz, Rosário e São José, duas capelas de Santa Cruz; o do mercado municipal, do lazareto, do hospital e o do teatro.
As tipografias eram apenas duas. Em uma publicava-se o jornal “Pindamonhangabense” e na outra o “Americano”. A Tribuna do Norte só surgiria oito anos depois.