História : Pindamonhangaba: Origem e Emancipação
10/7/1705 – 10/7/2018 – 313 anos de emancipação política e administrativa
Segundo o historiador José Luiz Pasin, o Vale do Paraíba foi uma das primeiras regiões a ser desbravada e explorada pelos portugueses, em busca de índios e metais preciosos. Oficialmente, a região começou a ser povoada a partir de 1628, quando Jaques Félix e seus filhos, Domingos e Belchior, receberam por concessão as terras compreendidas entre Pindamonhangaba e Tremembé.
Mas foi em 1636, quando Jacques Félix foi autorizado a adentrar nos sertões que divisavam com as terras que lhe haviam sido concedidas, que foram dados os primeiros passos favoráveis ao surgimento do mais importante núcleo de povoamento do Vale: São Francisco das Chagas de Taubaté. Erigida à Vila no dia 5 de dezembo de 1645.
Jacques Félix então concedeu ao capitão Domingos Luiz Leme, uma grande faixa de terra localizada rio Paraíba abaixo, dando origem à povoação de Santo Antonio de Guaratinguetá, elevada a vila no dia 13 de fevereiro de 1651.
Depois, graças a Antonio Afonso, seus filhos e agregados, em 1652 começou a se formar a povoação de Nossa Senhora da Conceição de Jacareí. Elevada à vila em 22 de novembro de 1653.
Em 1666, com a edificação da capela de Santo Antonio, surgiu Paraibuna, entre o Vale e o Litoral. Em 1669, surge São Bom Jesus de Tremembé. A aldeia de São José da Paraíba, mais tarde São José dos Campos, foi fundada por volta de 1680 e elevada a vila em 1759.
Pindamonhangaba
Entre as sesmarias concedidas e transformadas em povoados, coube ao capitão João do Prado Martins – conforme o historiador Waldomiro Benedito de Abreu – “uma légua de terra à margem direita do rio Paraíba, na paragem denominada Pindá Monhangava”. Embora a sesmaria tenha sido concedida em 17 de maio de 1649, de acordo com a carta de doação, João do Prado já tinha a posse das terras, com a família, agregados e escravos desde 22 de julho de 1643.
Sobre a data do estabelecimento de João do Prado no rocio da futura vila e cidade, José Lelis Nogueira, autor de Os Alicerces de Pindamonhangaba, afirma que “poderia ser considerada como data da fundação, se ele alimentasse a intenção de formar um povoado, mas, ao contrário, fez na sesmaria recebida apenas um sítio e morada”. No entanto, “fiel ao conceito de primeiro povoador e morador que abriu sítio e ergueu casa, pode o capitão João do Prado ser apontado como fundador ocasional”, complementa.
Em resenha elaborada por Waldomiro de Abreu e divulgada pelo Conselho Municipal de Cultura em 1979, a história primitiva de Pindamonhangaba é resumida com o seguinte conteúdo:
A partir do estabelecimento da família de João Prado Martins na paragem de Pindamonhangaba, formou-se um bairro dependente de Taubaté, para onde foram afluindo novos povoadores e moradores.
Entre 1689 e 1690, em data ainda ignorada, começa a funcionar no bairro uma igreja, de porte pequeno, cujo orago é Nossa Senhora do Bom Sucesso. Sua construção é devida ao padre João de Faria Fialho, proveniente de São Sebastião, no litoral paulista, onde nasceu, e depois morador na vila de Taubaté. Esse sacerdote do hábito de São Pedro se faz vigário da igreja, à qual, de seu próprio bolso, põe dinheiro a juros no Rio de Janeiro, para que rendesse a êngrua anual de 80$000 ao vigário que ali servisse, à exceção dele. Tal dotação é causa para que moradores de Taubaté se mudassem para Pindamonhangaba ou viessem ser assistidos na nova freguesia, onde não tinham a obrigação de pagar o dízimo.
As autoridades taubateanas começaram a inquietar-se, enquanto em Pindamonhangaba, ia-se sedimentando espírito de separação, cada vez mais açulado pelo dito clérico, enriquecido nas lavras de Ouro Preto, que ajudou a fundar. No fim do século XVII, padre João de Faria Fialho passa a residir em Pindamonhangaba. O capitão Antonio Bicudo Leme veio com seu filho Manoel da Costa Leme e outros moradores e passaram a interessar-se pelo lugar.
É assim que, conforme os cronistas, se inicia no segundo semestre de 1703, movimento pela criação da nova vila, o qual, após demorada luta no Conselho Utramarino, em Portugal, é coroado com a criação, pela rainha D. Catarina, da Vila Real de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pindamonhangaba (Carta Régia de 10/7/1705). Nesse movimento se destacam o padre Faria e a poderosa família dos Lemes, além de moradores do lugar.
Entre 1689 e 1690 a 1705 Pindamonhangaba foi Freguesia de Nossa Senhora do Bom Sucesso, criada pelo padre Faria Fialho, considerado com justiça o fundador de Pindamonhangaba. Aliás, esta é a afirmação de Pedro Taques e Azevedo Marques, e de historiadores de renome como Afonso d’E. Taunay, Basílio de Magalhães, Augusto de Lima Júnior, Diogo de Vasconcelos e Afonso Arinos de Melo Franco.
Aquela igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso (a velha), que estava edificada na Praça Padre João de Faria Fialho (Largo do Quartel), cedeu seu orago para o novo templo, construído em 1707 pelo mesmo sacerdote, onde hoje é a capela-mór da Matriz (Santuário Mariano e Diocesano), na “Deputado Claro Cesar”.
A igreja velha tomou o nome de São José em 1º de dezembro de 1727. O nome foi dado por D. Antônio de Guadalupe, 4º Bispo do Rio de Janeiro, em sua passagem pela vila. Esta autoridade eclesiástica ofereceu uma imagem do santo à igreja “para que ela daí por diante assim se intitulasse”. Essa igreja foi demolida em 1840, sendo edificada outra, no Largo São José (Praça Barão do Rio Branco).
Pinda na revolução
Constitucionalista
Pindamonhangaba, que sempre atendeu aos interesses da Pátria, também foi à luta em defesa da Constituinte. O 9 de julho de 1932, dia que marcou o início da Revolução Constitucionalista, também é data relembrada com orgulho pelos pindamonhangabenses.
A cidade, a exemplo de outros municípios, enviou seus homens para o front e teve entre seus heróis o comandante da Força Pública, coronel Júlio Marcondes Salgado.
Segundo o professor Moacyr de Almeida (1920/2006): “Infelizmente, na tarde de 23 de julho, numa demonstração de armamentos em Santo Amaro, o estilhaço de uma granada que explodira acidentalmente no tubo de um morteiro em experiência, atingiu a carótida do coronel Júlio Salgado, causando-lhe morte instantânea”. Acrescenta o professor que o pindamonhangabense recebeu promoção “post mortem” ao posto imediato, transformando-se no primeiro general dos paulistas (primeiro general da Polícia Militar, então Força Pública do Estado de São Paulo).
Outras participações de pindamonhangabenses são citadas pela escritora Hilda Cesar Marcondes da Silva (1910/1992) em artigo publicado na Tribuna do Norte (edição 11/6/1982).
Conta a escritora que o sargento da Força Pública, Estanislau Custódio esteve no Batalhão Bicudo Leme, que era constituído por homens de todas as classes sociais, independentemente de credo ou cor. O pindense Gastão Goulart esteve no comando da Legião Negra. As mulheres de Pinda organizavam cafés e até costuraram uma bandeira paulista para o batalhão de índios aquartelado no município.
Que a Santa Casa transformou-se em Hospital do Sangue, tendo no corpo clínico os doutores: Antônio Pinheiro Júnior, Oscar Varela Homem de Mello, Octávio Campello de Souza, Capistrano e Manoel Inácio Romeiro; e como enfermeiros e farmacêuticos: José Boueri, Italo Consetino e José Bartolomeu Barra. O estudante de Medicina Mário de Assis César e os sargentos Vasconcellos e Paiva também auxiliaram.
Que o monsenhor João José de Azevedo, na época vigário de Pinda, foi para a linha de frente como capelão. Entre os voluntários que foram para o front estavam também Mário Amadei, Geraldo Gonçalves Salgado Pires, Preto Baia, designado como cozinheiro do coronel Euclides Figueiredo comandante da linha frente, setor norte. E também outro preto muito estimado na cidade, o Manecão, que era motorista dos irmãos Valentini e serviu como chofer dos militares.
E que era prefeito de Pinda, na época, o dr. Francisco Lessa Júnior e prefeito militar, nomeado pelo comando das Forças Constitucionalistas, o dr. Antônio Augusto de Barros Penteado, tendo como auxiliar o dr. Continentino Guimarães.
Obs.: Outros pindamonhangabenses também lutaram bravamente pela Constituição, além destes citados neste artigo segundo pesquisa em escritos da romancista Hilda Marcondes e do professor Moacyr de Almeida. Lembramos que a Revolução de 1932 já foi assunto de nossa página dedicada a história de Pindamonhangaba, edições de 7/7/2006; 8/7/2008 e 13/7/2007.