Preservar a memória é importante
O filme cinematográfico existe há mais de 125 anos, o disco sonoro fará cento e cinquenta anos e o VHS completou meio século.
Parece pouco tempo, se considerarmos a evolução tecnológica da humanidade, da cultura oral aos registros em pedra, bronze, cerâmica, pergaminho e papel, mas hoje, graças ao desenvolvimento industrial, surgem a todo o momento novas tecnologias de registro e reprodução de sons e imagens, que conferem aos documentos audiovisuais tradicionais (filmes, fotos, discos e fitas) feições de coisa antiga.
O que impressiona ainda mais é o fato de que as novíssimas tecnologias produzidas pela indústria de ponta do mundo globalizado, não resolvem a importante questão da durabilidade dos materiais.
Os mais recentes estudos sobre conservação sugerem uma postura cautelosa em relação às novidades tecnológicas.
Nunca haverá um documento resistente que dure para sempre.
O desejo de eternidade é um tema amplo e polêmico demais para o momento.
O avanço da ciência e da tecnologia no campo da comunicação eletrônica considera a necessidade de melhorar a estabilidade dos meios de comunicação audiovisuais. É certo que existem experiências acontecendo em laboratórios de testes, e sequer sabemos quais são os seus componentes ou até onde vai o compromisso com a preservação da memória.
Um levantamento recente apresenta uma triste realidade: Abelardo Barbosa, o Chacrinha, agitou a massa e comandou a festa durante 30 anos em que aparecera na TV. Mas, dos mais de 1815 programas que o velho Guerreiro animou, sobraram apenas 6 para contar a história.
Filmes, fitas e discos constituem bens culturais cuja guarda e conservação são mais dispendiosas e falta, em toda parte, apoio material e financeiro para assegurar sua permanência.
Se as condições de armazenagem não forem adequadas, os documentos audiovisuais se deterioram devido às reações químicas e a ação dos fungos e bactérias.
Os filmes, as fitas magnéticas e os discos exigem cuidados especiais para a sua preservação e necessitam permanecer em locais adequados para que a imagem não se desfaça.
Milhões de dólares foram investidos no desenvolvimento do DVD, que introduz um novo conceito em registros: não é cópia, é réplica.
Quando você acabar de ler este texto, talvez tudo isso já esteja obsoleto e nos depararemos com outra notícia: o lançamento de um novo formato de gravação ou suporte de documentação.
Toda fita, filme ou disco é um documento. Um filme que foi um fracasso de bilheteria, um filme super-8 amador, um disco rejeitado, todos servem como testemunho de instantes, épocas e exemplos do desenvolvimento da história.
Por isso a necessidade de se ter em todas as cidades uma instituição responsável com pessoas comprometidas em manter preservada a história de sua região, como exemplo um MIS (Museu da Imagem e do Som).
É muito importante a construção da identidade de um corpo social pois é fornecendo a ele conjuntos documentais racional e tecnicamente tratados e realizando uma boa divulgação desse material para a população que instituições de preservação poderão realizar seu papel de guardiãs da memória.