Prisão de Eduardo Cunha ‘broxou’ redução da taxa Selic
A redução da taxa Selic de 14,25% para 14% feita pelo Copom – Comitê de Política Monetária – do BC – Banco Central – na quarta-feira (19) tornou-se instantaneamente o principal assunto econômicos do país nos últimos meses. Só não foi mais comentada devido à prisão do ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Com isso, toda a imprensa virou o holofote para a decisão do juiz Sérgio Moro, e a sociedade seguiu a onda e nem sequer acompanhou a redução da Selic, sem refletem sobre sua importância no dia a dia.
De qualquer maneira. Esta foi a primeira vez em quatro anos, que o BC baixou os juros básicos da economia. A decisão, contudo, já era esperada pelos analistas financeiros, que previam o corte dos juros a partir deste mês.
Em comunicado, o Copom informou que a reversão da alta de preços de alimentos ajudou a segurar a inflação de forma mais favorável que o esperado. No entanto, o órgão apontou riscos para conter os preços, como incertezas na aprovação de medidas de ajuste fiscal e a possibilidade de que o longo período de inflação acima do teto da meta reforce a indexação da economia, quando a inflação do passado é incorporada aos preços atuais.
A última vez em que a taxa tinha sido reduzida foi em outubro de 2012, quando o Copom tinha cortado os juros de 7,5% para 7,25% ao ano. A taxa foi mantida nesse nível, o menor da história, até abril de 2013, mas passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho do ano passado.
Da maneira como a economia vinha se comportando, alguns especialistas, os mais pessimistas em sua maioria, chegaram até a fazer previsões catastróficas de Selic a 30%, mas para o bem geral isso não ocorreu. Felizmente para nós, parece que o Governo vem, ao menos, sendo coerente em suas decisões.
Ontem pela manhã, por exemplo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fez um auto-elogio ao afirmar que a decisão sinaliza que o governo está no caminho certo para trazer a inflação para o centro da meta de 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. Meirelles ressaltou, ainda, que foi uma decisão autônoma do BC.
Assim nem tanto né, Meirelles!!! Vamos com prudência. Por partes, podemos afirmar que vai ser muito difícil o governo conseguir reduzir a inflação para a meta dos 4,5%, mas como tem margem de tolerância de 2 pontos, é até possível. Entretanto, ainda tem muita água para rolar.
Sobre a decisão ser automona do BC, o que podíamos esperar? Ele, Meirelles, o principal ministro do país é também o responsável pelo Banco Central e pelo Copom. E, obviamente, todas suas decisões têm, ainda que como orientação, viés político.
De qualquer maneira, valeu mesmo assim.