Qual o seu talento? – Nem sempre foram flores
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou (…) Tempo de derrubar e tempo de edificar. Tempo de chorar e tempo de rir. Tempo de prantear e tempo de dançar”…
Eclesiastes 3
Seu primeiro contato com flores foi quando ele ainda era criança – sua família tinha uma floricultura. Dessa época guarda pouquíssimas lembranças concretas, mas talvez, já fosse “um sinal” de que a vida iria florir para ele…
Geraldo Sousa (sim, não costuma ser nome de um jovem) tem apenas 21 anos, mas uma bagagem de surpreender até os mais experientes.
Um dos selecionados para a “Copa Brasileira de Arte Floral”, Geraldo – que tem este nome em homenagem ao seu avô paterno –, não participará do evento por questões financeiras, mas reconhece que a indicação abriu e segue abrindo muitas portas.
“Como toda despesa seria por minha conta e eu iria disputar com profissionais muito experientes, que estão há 10 ou 15 anos no mercado, seria um investimento alto para um retorno incerto”, comenta Geraldo. “É claro que é uma oportunidade maravilhosa e eu fiquei muito feliz com a indicação, até porque é uma premiação que tem fases internacionais. Mas como eu ainda estou no começo, optei, conversando muito com a minha família, por adiar a minha participação na Copa”.
Por falar em família, Geraldo conta que tem o apoio integral dos seus pais, irmãs e demais familiares, desde o início. Até quando ele trancou a faculdade para ir atrás de um sonho e depois percebeu que não era bem o que ele queria para sua vida.
“Eu ganhei uma bolsa do Prouni para fazer Engenharia Civil, mas tranquei a faculdade e fui para Brasília estudar em um seminário. Fiquei seis meses, mas percebi que não era isso que eu queria seguir. Voltei, e como sempre fiz arte floral na igreja, ajudava a decorar o cenário do teatro que eu fazia, acabei me dedicando, parcialmente, a decorações de formatura e de festas mais simples, praticamente de conhecidos”, conta.
Foi assim desde os 15 anos, até que um dia, surgiu uma oportunidade maior: “Eu trabalho desde os meus 16 anos em uma fábrica de isopor, aqui em Pinda. Um dia, em 2018, uma amiga me indicou um casamento para decorarmos. Fui sem saber exatamente como orçar, como atuar e onde buscar inspiração… Tinha um agravante, eu só conheceria a noiva no dia da festa; tudo o que eu sugeria, era a mãe dela quem aprovava. No dia, me deu um frio na barriga, eu me senti tão inseguro; juro que pensei que pudessem até me processar por eu não dar conta. Mas foi tudo tão perfeito que a noiva não só ficou satisfeita como me indicou vários trabalhos. Nesse ano, eu pegava um evento por mês, apenas. Hoje, eu precisei deixar o meu serviço na fábrica para me dedicar exclusivamente às noivas”, orgulha-se.
Multitarefas
Embora sejam apenas dois anos de trabalho sólido na área, Geraldo diz que passou por muitos desafios, incluindo aí 36 horas ininterruptas de trabalho para que tudo saísse como os clientes esperavam. Mas, ao final de cada evento, a satisfação, o olhar, ver que o sonho do outro foi realizado e que ele fez parte disso, vale a pena.
“Eu sempre tive esse lado artístico muito forte. Eu fazia teatro e a atuação já me preparava para a minha profissão hoje. Atualmente, eu estudo ‘Interior de Design’ e me considero um design de eventos, que trabalha para ser a preferência e não a concorrência. Acredito que meu diferencial é procurar conhecer o perfil da noiva, a realidade dela, e criar a estrutura do evento de acordo com sua personalidade, com sua condição financeira. Sempre penso que não é porque não pode ser caro que será de qualquer jeito. E depois, do frio na barriga, que ainda me dá, ver tudo pronto e ter um retorno delas e dos convidados é muito gratificante”, afirma Geraldo.
Ele é o filho do meio do casal José Edmilson e Ana Rita. Tem duas irmãs: Ana Clara e Alice e três sobrinhos. Seu pai é caminhoneiro e desde o começo apoiou sua escolha de trabalhar com flores. “É uma profissão muito digna e bonita. O meu pai se orgulha muito de mim. Aliás, a minha família é meu maior suporte e minha maior torcida. Sou muito feliz por tê-los em minha vida”, disse Geraldo – acrescentando que se vê daqui a dez anos como um profissional estável, com seu escritório próprio e reconhecimento. Mas acima de tudo, feliz!
E se depender da torcida, sempre ‘haverá flores, por onde fores’, Geraldo!