História : Quando a “cidade princesa’ se iluminou
Para que Pindamonhangaba contasse com a melhoria da iluminação elétrica, no dia 21 de novembro de 1910 foi assinado um contrato entre o prefeito, que era o Dr. Claro César, e o industrial paulistano, dr. Ricardo Villela, tendo como testemunhas os doutores João Marcondes de Moura Romeiro e Cornélio Lessa. O serviço foi contratado de acordo com a lei municipal nº 3, de 18/10/1910 (publicada no jornal Tribuna do Norte), que concedia ao contratante o privilégio de 30 anos para uso, gozo e exploração dentro do município, de uma usina elétrica ou de outro qualquer sistema para fornecimento de energia elétrica para uso público ou particular.
Ainda de acordo com a tal lei, o serviço de iluminação seria iniciado com 200 lâmpadas de 32 velas, 100 de 300 e 10 de 500 velas. A iluminação da cidade, ruas e largos, começaria às 18 e iria até às 5 horas, sem exceção de noite alguma. Pelo serviço, o concessionário receberia 20:000$ 000 réis anuais. Caso a administração municipal resolvesse aumentar o número de lâmpadas, fosse nos lugares já servidos, outros pontos ou nos arrabaldes, obviamente, pagaria de acordo com o número de lâmpadas e capacidade (velas).
Os moradores também poderiam instalar lâmpadas em suas casas, desde que arcassem com as despesas, que saia a 200 réis por vela e por mês, isto é, uma lâmpada de 10 velas sairia a 200 réis mensais.
Ao concessionário, além da isenção de todos os imposto municipais, o município também cedia os terrenos e quedas d’água de sua propriedade, necessárias às instalações, e fornecimento de água potável para a alimentação da usina.
Os postes, tanto para linha de transmissões como para a rede de distribuição, deveriam ser de ferro, de cimento armado ou de madeira, nesse caso, oitavados ou torneados e conservados oleados. Quanto à altura deveriam medir 6,80 metros fora da terra. A distância entre eles deveria ser de 25 a 30 metros na região central e de 30 a 40 metros nos arrabaldes.
A FESTA DA
INAUGURAÇÃO
Onze anos depois da festiva inauguração do serviço de abastecimento com água encanada, ocorrida em 28 de janeiro de 1900, aconteceu, também com muita festa, no dia 27 de julho de 1911, a inauguração da iluminação com luz elétrica. O evento foi registrado pelo jornal Tribuna do Norte.
Conforme a Tribuna, na tarde daquela quinta-feira, 27 de julho, haviam se reunido na residência do Dr. Francisco Romeiro, que era deputado federal, as seguintes autoridades: prefeito Dr. Claro César; presidente da Câmara, dr. Manuel Ignácio Romeiro; vice-presidente da Câmara, Albino B. Monteiro Júnior; vice-prefeito, major João Alfredo; vereadores, Antonio Avelino e José Moreira César; os ilustres hóspedes de Francisco Romeiro, doutores Emílio Ribas, que era diretor do Serviço Sanitário do Estado, e Vitor Godinho, era diretor do Serviço Bacteriológico.
A casa do Dr. Francisquinho, como era conhecido Francisco Romeiro, ficava na rua dos Andradas, no local onde se construiu o Centro Comercial 10 de Julho. Foi dali que saíram as autoridades para a inauguração.
Pelo caminho, outras autoridades e cidadãos aderiram-se à comitiva e, ao passarem pela praça Monsenhor Marcondes, foram saudados por uma banda (não é citado o nome), provavelmente a Euterpe, com a execução do Hino Nacional. A parada seguinte foi em frente à igreja matriz, onde se uniram ao préstito o pároco, padre Ângelo Gazza; o deputado federal Valois da Costa; o padre Della Via,que era diretor do Ginásio São Joaquim, de Lorena, mais o padre A. Biscardi.
A marcha continuou pela “Deputado Claro Cesar” (até então denominada rua Sete de Setembro), entrou na “Marechal Deodoro” e desceu pela “Mariz e Barros” (chamava-se rua do Porto) em direção à usina.
A BENÇÃO
DA USINA
As dependências da usina, que pela descrição do local deveria se localizar próximo ao rio Tapanhon, foi abençoada pelo padre Gazza, tendo como “madrinha da bênção”, a senhorita Emília César, irmã do Dr. Claro César . Após o ato religioso, acionaram as máquinas e um grande número de lâmpadas iluminou o edifício da usina, sendo – registra a TN, servida muita cerveja às pessoas presentes.
Depois disso, com banda e foguetório, a multidão seguiu para a praça Monsenhor Marcondes, presenciou o acendimento das inúmeras lâmpadas instaladas naquele local, ouviu discursos e se divertiu na “batalha de confetes”.
SARAU DANÇANTE
As festividades não pararam por ali. À noite, com início às 22 horas, houve sarau dançante na residência da baronesa de Romeiro, Marianna Marcondes César, viúva do barão de Romeiro, Manuel Ignácio Marcondes Romeiro. O baile prosseguiu até as 5 horas, nos vastos salões da casa da baronesa, cuja ornamentação coubera a Athayde Marcondes e Serafim Fontes.