Vanguarda Literária : Questionamento crenças e crenças filosóficas
As crianças perguntam sempre. Certa vez, uma criança muito esperta, de aproximadamente 11 anos de idade, interrogou-me: “Você sabe de onde a gente veio? Por que existem as coisas e esse mundo tão grande?”. Uma das palavras fundamentais do repertório vocabular delas é “POR QUÊ?”. Convenhamos que essa rede de questionamentos no mundo infantil, e no nosso também, é algo intensamente perturbador e nos conduz a reflexões em busca de possíveis respostas.
Interessante é que os filósofos têm uma tendência semelhante aos pequeninos (OS ELEITOS DE JESUS!). Tal fato é altamente salutar e proveitoso visto que os maiores avanços científicos da humanidade tiveram origem na formulação desse tipo de perguntas que sobretudo, questionam as supostas verdades. É importante lembrar que o mais discutido e festejado cientista do século XX- Albert Einstein, afirmava que foi da leitura do grande filósofo David Hume (filósofo escocês do século XVIII, figura – chave do iluminismo) que ele passou a duvidar do que os outros taxavam como irredutivelmente certo. Foi questionando valores ultrapassados, digamos assim, que caiu por terra o argumento de que a escravidão era moralmente aceitável e que o lugar das mulheres era a dedicação às tarefas do lar. Assim, na nossa cotidianeidade, o questionamento, o pensar filosófico, é realmente relevante, muito presente e… proveitoso! Não podemos esquecer que os avanços morais e políticos advieram da disposição das pessoas interrogarem e, como o autor da “Teoria da Relatividade”, rejeitar, provar o que muito tinham como verdades absolutas. Não existe mais o “Petrus locutus est, causa finita est!” (“Pedro falou, a questão terminou!”). Por mais que o “Pedro” seja culto, domine Teorias, Sistemas, etc, deve ser posto em dúvida, não é verdade? Isso, certamente, é filosofar!
Por outro lado, na minha modesta ótica, torna-se imperiosa, embora rápida, uma reflexão sobre as crenças filosóficas. Não esqueçamos que as crenças ditas como verdadeiras e justificadas a epistemologia denomina de conhecimento. Ora, cremos que o mundo que nos cerca é real; que Deus existe; que temos almas imortais; que as coisas são moralmente corretas e aceitáveis na dependência das preferências e valores subjetivos. E, isso, não tenhamos dúvidas: tem um impacto enorme no nosso dia a dia, senão vejamos: uma pessoa que seja convicta de que a moralidade, o certo ou o errado é uma questão meramente subjetiva, terminará se comportando de um modo totalmente diferente de um outro que considere ser errado trucidar e aniquilar o seu semelhante é simplesmente uma questão objetivo. Complicado, não? Reflitamos sobre o assunto!