História : Ratos a 200 réis

Em Pindamonhangaba, no final do ano de 1904, deu pra aparecer ratos mortos em diversos pontos da cidade. Feito o devido exame bacteriológico pela entidade responsável pelo serviço sanitário local, constatou-se a presença do bacilo da terrível peste. A terrível peste bubônica, que tem o rato como vetor de epidemias, já infectava Pindamonhangaba.

Uma das providências do chefe da Comissão Sanitária, Dr. Francisco Luiz Vianna, foi publicar no jornal Tribuna do Norte, edição de 16/10/1904, o comunicado seguinte:

“Faço público que, quem trouxer camundongos e ratos apanhados dentro e fora dos domicilios, somente situados no perímetro urbano, para serem incinerados no desinfectório instalado nos fundos do prédio do Posto Sanitário, sito a rua Prudente de Moraes, receberá a importância de 200 réis por animal apresentado”.

Alertava-se, entretanto, para um cuidado indispensável que os “catadores de ratos” deveriam tomar: “…colocar sobre eles água quente ou uma solução forte de creolina com o fim de matar as pulgas, que porventura possam existir nos pelos dos mesmos, e de cujas mordidelas todos se devem defender a fim de não serem contaminados pela peste”.

Pra valer “duzentão”, os ratos ou camundongos deveriam ser de Pindamonhangaba. Caso fosse descoberto que não eram (ignoramos como identificavam a verdadeira procedência), corria-se o risco de em vez de ganhar era perder dinheiro. A fiscalização sanitária alertava:

“Faço ciente também que incorrerá na multa de cem mil réis… 100$000 além de outras penas que de pronto serão estabelecidas com máximo rigor, qualquer pessoa que procurando iludir o cumprimento da medida acima indicada, fizer qualquer coleta, por menor que seja, de ratos trazidos de procedência estranhas a esta cidade.

Pindamonhangaba, 1º de outubro de 1904
Dr. Francisco Luiz Vianna – chefe da Comissão Sanitária”, assinava o médico responsável.

Peste Bubônica.

No início de 1904, quando a campanha da febre amarela começava a dar os seus primeiros resultados, Oswaldo Cruz desencadeou uma nova luta: o combate à peste bubônica. Promoveu a vacinação dos moradores das áreas mais infectadas; notificação compulsória para garantir o isolamento dos doentes; tratamento com o soro fabricado no Instituto Soroterápico Federal e a ampla campanha de desratização em toda a cidade. Os funcionários destacados para a missão eram obrigados a apresentar pelo menos 150 ratos por mês, sob pena de serem demitidos. Os que conseguiam ultrapassar a cota recebiam uma recompensa de trezentos réis por animal abatido. A Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP) também instituiu a compra de ratos: para cada animal morto apresentado, pagava-se a quantia de duzentos réis (mesmo valor pagou-se em Pindamonhangaba).

Biblioteca Virtual Oswaldo Cruz

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