Retomada da economia exige, além do cumprimento de normas, equilíbrio e planejamento

Lojistas estão confiantes com a volta do público;
economista diz que planejamento e uso inteligente da ciência serão fundamentais para o novo mercado

Aos poucos, o comércio vai abrindo suas portas… As lojas de roupas recebendo, de volta, sua clientela; os restaurantes, deixando os formatos delivery e drive thru para receber, novamente, seus frequentadores.
Tudo ainda é muito lento e não poderia ser diferente… A pandemia da covid-19 deixou marcas devastadoras em quase todas as populações do mundo – algumas em menor, outras em maior escala – mas grande parte sofreu impactos sanitários, econômicos, psicológicos, sociológicos, políticos, religiosos e culturais, entre outros.
“Com o isolamento social, diversos setores da nossa economia foram afetados diretamente. Entre eles, a construção civil e o varejo tradicional. Setores como moda, alimentação e, principalmente, o hábito de se comer fora de casa; a ida a bares, restaurantes e à feiras livres mudaram”, explica o Mestre em Economia e professor da Unitau – Universidade de Taubaté – José Joaquim do Nascimento. “O volume de pessoas desempregadas e de negócios fechados ultrapassou e muito a marca dos milhões”, disse.
Para ele, a economia brasileira já não vinha bem há alguns anos, contudo, a pandemia agravou esse quadro. “Antes da pandemia a atividade econômica não chegava a 2 ou 3%, isto é, já havia dificuldade de avançar. Agora, imagina depois de mais de cinco meses com quase tudo parado, sem capital de giro? Porque a pequena empresa necessita de capital de giro, pois não há como dar seguimento há uma atividade comercial sem cliente e sem dinheiro; ela não é como as grandes indústrias que têm reserva de caixa, entre outras formas de se manterem em momentos de crises”, contextualiza o economista.
O professor afirma que o apoio às empresas de pequeno porte, como linhas de crédito e/ou outras alternativas sólidas, tem de vir das autoridades competentes e que o empreendedor também precisa fazer uso da tecnologia e da ciência para se reinventar.

O novo mercado

Depois de normas sanitárias, como: “use máscara e álcool em gel”; “saia somente o necessário”, a palavra mais ouvida durante esta pandemia é ‘reinventar’. Mas afinal, é possível se reinventar em meio a uma crise dessa proporção? Para o economista, “sim, é possível e é preciso se reinventar todos os dias! E as famílias estão se reinventando! As pequenas empresas, o empreendedor, todos estão fazendo substituições na base alimentar, nos costumes e no lazer para caber dentro do orçamento apertado tanto da empresa quanto do indivíduo. Está havendo um despertar para o planejamento, atitude que, infelizmente, era rara para maior parte de nós latinos, culturalmente falando”, afirma.

Boas expectativas

Para Kelly Xavier, proprietária de uma loja de roupas e acessórios no centro de Pindamonhangaba, a crise veio para ajustar muita coisa e só está sendo possível passar por tudo isso se reinventando:
“Aqui na loja, não utilizávamos tanto as redes sociais, até que precisamos dela. Aproveitamos o tempo de portas fechadas para conquistar novos clientes e fidelizar os que já tínhamos, através das nossas redes sociais”, contou a comerciante – que inclusive, repaginou sua loja durante a pandemia. “Na verdade, nós otimizamos os espaços, criando locais com maior visibilidade dos nossos produtos; reavaliamos nosso formato e apostamos mais nas redes sociais… É como eu digo para as meninas que trabalham aqui: agora, não é o momento de bater metas de vendas, mas sim de aprimorar a qualidade do nosso atendimento. Se o cliente volta, é porque foi bem atendido e é nisso que estamos focando, na qualidade. Sim, nós estamos muito confiantes para essa retomada da economia!”, disse Kelly.
O professor diz que esta boa expectativa tanto por parte dos comerciantes quanto os consumidores é positiva, mas que é preciso haver cautela e muita ação. “O papel das expectativas é extraordinário, mas precisamos ser mais racionais. Ter cautela, equilíbrio, fazer substituições, ter o hábito de fazer reservas e planejar sempre. Ainda não há uma data, talvez nem seja no próximo ano, mas sim, a economia vai retomar! A construção civil que puxa vários outros setores, o turismo, enfim, aos poucos, com técnica e com o uso das ferramentas adequadas, iremos superar esta crise”, considerou o especialista.

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  • Mestre em Economia e professor universitário, José Joaquim do Nascimento, afirma que é preciso ser mais técnico, racional e equilibrado neste momento de reabertura dos comércios - Créditos da imagem: Arquivo pessoal
  • Após cerca de seis meses, maioria dos setores volta a receber consumidores de forma física; mas ainda é preciso cautela - Créditos da imagem: Jucélia Batista
  • Reinventar-se: comerciantes apostam na criatividade e na qualidade do atendimento para cativar novos e fidelizar antigos clientes - Créditos da imagem: Jucélia Batista