Safra de grãos pode ter maior queda em 20 anos

A seca no cerrado em 2016 está mais forte do que nos últimos anos e atingiu em cheio a safra de milho, principal responsável pelas estimativas de que a produção nacional de grãos encerre o ano com a maior quebra em 20 anos.
O IBGE informou que o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de julho projeta uma safra de 189 milhões de toneladas de grãos em 2016, recuo de 9,8% em relação à produção de 2015, de 209,4 milhões de toneladas.
Se confirmada, será a maior queda em 20 anos, superada apenas pelo tombo de 13,3% na safra de 1996. Em termos absolutos, a redução de 20,5 milhões de toneladas será a maior perda da série histórica do IBGE, iniciada em 1975.
“É natural do cerrado chover pouco nesta época do ano, mas não tão pouco assim”, disse o gerente do LSPA, Carlos Alfredo Barreto Guedes.

Soja

A safra estimada para a soja, já totalmente colhida, é de 96,3 milhões de toneladas, queda de 0,9% em relação a 2015. Já a safra de milho terá quebra bem maior: a projeção é de produção total de 67,9 milhões de toneladas, 20,5% abaixo dos 85,5milhões de toneladas de 2015.

O quadro começou a aparecer nas estatísticas da agropecuária na metade do primeiro semestre e vem piorando mês a mês. A projeção da safra total de julho está 1,5% menor do que a de junho, pois a seca se manteve e agravou a quebra na produção do milho de segunda safra, que ainda está sendo colhida. A projeção de julho para a safra total de milho ficou 3% abaixo da de junho.

Segundo Guedes, agrava o quadro o fato de a participação da segunda safra no total ter crescido na última década. Em 2016, a segunda safra deverá responder por 63% do total. Outro fator agravante é que o clima favorável dos últimos anos levou agricultores a apostarem mais no milho de segunda safra.
“Nos últimos três, quatro anos, o clima foi muito bom no cerrado, melhor do que o histórico, com chuvas acima da média. Os produtores foram apostando cada vez mais no milho de segunda safra. Agora, a queda, quando veio, foi um tombo”, afirmou o técnico do IBGE.

Feijão

As estimativas de julho do IBGE mostram ainda que não dá para esperar alívio na situação da produção de feijão. A quebra na safra tem impulsionado os preços do alimento.
O quadro perdeu força na terceira e última das safras do produto, mas isso não será suficiente para uma recuperação, até porque a terceira safra de feijão é menor do que as duas primeiras.
Segundo o IBGE, a primeira safra deve produzir 1,3 milhão de toneladas, recuo de 8,4% ante 2015. Já a segunda terá 1,1 milhão de toneladas, tombo de 12,5% em relação a 2015. Embora a estimativa da produção da terceira safra tenha crescido 1,0% na passagem de junho para julho, para 437,9 mil toneladas, ainda assim será 1,2% menor do que em 2015.

Imagens: Divulgação
  • Se confirmada, será a maior queda em 20 anos, superada apenas pelo tombo de 13,3% na safra de 1996