Saúde Integrativa
A vida cotidiana consome as subjetividades. As identidades líquidas parecem se proliferar. Há um aumento da angústia, do medo, do não-saber e nem se sentir parte de pátria alguma, de território algum. Estranho a si mesmo, num corpo líquido que se dissolve na escuridão da solidão que avassala os jovens e todos nós. Não há mais ética no mundo, os comportamentos são puramente movidos pelo egoísmo, interesses mesquinhos e ganância.
Amar ao próximo como a ti mesmo…quão valioso foi esse pedido de Cristo e quão anticristos temos sido! Do que serve uma vida sem propósito elevados e sem valores? Do que vale uma vida não-cristã?
O ser vazio de si e perdido nos seus devaneios – eterno insatisfeito- tem sido o grande protagonista desse tempo que eu assisto atônita e triste.
Do que adianta conhecer o mundo todo e não conhecer a si mesmo? Do que vale uma vida rasa, periférica e sem profundidade? Como chegar ao âmago de si mesmo? Qual ou quais os caminhos e desafios?
E, enquanto humanidade, dá para se viver em paz e em harmonia, sem um código de ética?
E o que pede a ética? É ético desprezar os nossos irmãos, maltratar nossos filhos, enteados, pais e/ou avós? Que tipo de valor carrega o homem que grita, fere e mata a própria mãe? E a mãe que mata o filho?
E todos os que, todo o dia, destroem a nossa floresta – fonte de toda a vida, útero do mundo, e matam nossos índios (os protetores da floresta)? Que ganância e maldade é essa que assola o homem? Como se pode ignorar o frio e a fome dos que vivem na rua? É humana uma vida onde se despreza a dor do outro? É correto provocar a dor no outro, de forma voluntária e consciente? É minimamente humano fazer mal a outrem? Que desespero é esse que assola o homem e faz dele um inconsequente? Que imensidão é essa que nos torna tão diferentes?
E se Eva não tivesse comido a maçã? Não existiriam nem pecados nem pecadores? Serão essas e outras tantas perguntas que inquirimos para dar sentido e significado ao inominável que dilacera a nossa alma e o nosso coração?
O Remédio controlado , a insônia, o medo, o pavor, o pânico e as crises de ansiedade. Esse é o nosso retrato. E agora? Como prevenir? Como curar?
Yoga, Meditação, Psicoterapia, Psiquiatria, Reiki, Arte, Música..? Para quem? Onde?
E o mundo desajustado continua ali, naquele quadro.
Sidarta, uma obra fenomenal de Hermann Hesse, o protagonista ‘Sidarta’ num dos seus momentos de reflexão e descrença dialoga com seu amigo Govinda: “O que é a meditação? O que, o abandono do corpo? Que significa o jejum? E a suspensão do fôlego? São modos de fugirmos de nós mesmos. São momentos durante os quais o homem escapa à tortura de seu eu. Fazem-nos esquecer, passageiramente, o sofrimento e a insensatez da vida…”
…… pausa longa. Mais reflexão.
Será o momento da morte o momento da transformação, da conversão e de todo o arrependimento? Mas quem apaga a dor da traição, do homicídio, da violência, das violações de direito, e de todas as perdas e lágrimas provocadas por outrem? Será que a morte apaga?
Acontece que a vida e a morte não vem com garantias. É preciso viver e plantar boas sementes. Essa é a minha ética comportamental.
Viver sem o entorpecimento, de cara limpa e lúcida, sem vícios nem ilusões não é para amadores. Dói numa imensidão que fortalece. Tornamo-nos cada vez mais resilientes, apesar do rasgo que fica no peito e ninguém vê, mas você sente.
No abismo, muitos gritos mudos e apavorados, não cessarão. É o caminho doloroso da cicatrização. Enquanto se está vivo, enquanto há sangue e pulso, há possibilidade de estancar o sangue.
Gostaria de ter falado sobre saúde, mas não vejo uma humanidade saudável. Então, falei do abismo que meus olhos observam, enquanto permaneço imóvel neste asana. Entre uma respiração e outra, desejo o mar.
Com amor e esperança, Daya.