Nossa Terra Nossa Gente : SUZANA LOPES SALGADO RIBEIRO: AMOR E IRMANDADE
Nos encontramos, Suzana e eu, pela primeira vez, durante um Congresso de História Oral na USP. Amor e irmandade à primeira vista, sentimento profundo, desses que a gente desconhece o início e tem certeza de que nunca terá fim! A conversa nos levou a muitos pontos de convergência teórica e, o que mais nos surpreendeu: éramos de Pindamonhangaba! Trocamos telefones e a promessa de nos reencontrarmos. A vida se encarregou de nos conduzir para as mesmas paragens: o trabalho na Universidade de Taubaté e os projetos culturais na Academia Pindamonhangabense de Letras.
Neta de Manoel César Ribeiro e de Eloyna Salgado, Suzana herdou muitos traços de seus pais – o jornalista e exímio escritor Luiz Salgado Ribeiro e a renomada professora Ana Lopes Ribeiro! Tendo sido homenageada com o pseudônimo de sua avó Eloyna, a menina “Suzana”, nascida em Pindamonhangaba aos 11 de julho de 1976, foi escrevendo a própria história na sua terra natal e nos muitos lugares em que viveu.
Em Pindamonhangaba, Suzana frequentou o Jardim da Infância “Pedacinho do Céu” e, em função do trabalho de seus pais, cursou a 1ª fase do Ensino Fundamental em São Paulo e, a 2ª fase, em Brasília. Ao retornar a Pindamonhangaba, cursou o Ensino Médio no Colégio Objetivo com distinção e louvor de primeira aluna.
No ensino superior, Suzana segue um caminho de mão dupla: frequentava o curso de História da Universidade de São Paulo durante o dia e, à noite, o curso de Jornalismo da PUC – SP. No entanto, o envolvimento da aluna e pesquisadora com os trabalhos de iniciação científica do Núcleo de Estudos de História Oral da USP obrigaram-na a abandonar a formação de jornalista mas, em hipótese alguma, a veia para o jornalismo. Nas pesquisas com História Oral, Suzana encontra o caminho do meio. Esta vertente da História que considera, no dizer de seu mestre José Carlos Sebe Bom Meihy, a “história viva”, tecida com a história de vida e a voz de depoentes, a jovem pesquisadora desvela o subterfúgio para agregar à História, os conhecimentos adquiridos no Jornalismo. Enquanto ia apropriando-se e delineando os meandros do ouvir, gravar, selecionar e redigir os depoimentos, Suzana foi se descobrindo historiadora e jornalista e, desde então, transformou o caminho de mão dupla numa única direção: a História Oral!
Talvez nesse seu caminho inicial resida o sucesso acadêmico de Suzana Lopes Salgado Ribeiro, que não teria sido o mesmo, se não tivesse herdado o ofício de escrever de sua avó Eloyna e de seu pai. Ao escolher a História como carreira fez da arte de historiar sua profissão: graduou-se em História pela USP, instituição em que também concluiu o mestrado e o doutorado em História Social.
Entre as obras de Susana Lopes Salgado Ribeiro, destaco Vozes da Marcha pela Terra (indicado ao prêmio Jabuti em 1998), Vozes da Terra – história de vida dos assentados rurais de São Paulo (2005), Produção do Conhecimento Histórico (2009), Guia Prático de História Oral (2011) e, em parceria com o pai, Estrada de Ferro Campos do Jordão, da Saúde ao Turismo, um século de sonhos e paixões (2014), além de inúmeros artigos publicados em livros e periódicos.
Em 2005, Suzana teve a oportunidade de lecionar na Universidade Agostinho Neto, em Luanda – Angola e, no ano seguinte realizou estágio de pesquisa no Oral History Research Office da Universidade de Columbia, em Nova York – EUA. Atualmente é professora do Departamento de História da Universidade de Taubaté, atuando na graduação e nos programas de mestrado e doutorado da instituição.
Muito mais significativo do que o louvável currículo da professora-pesquisadora e de suas obras, trago à luz, a pindamonhangabense que desponta no cenário nacional e internacional como notável historiadora. Num dos livros de Eloyna, Nos Balcões da Pequena Pindamonhangaba, encontro um apelo digno do talento e da expressiva produção bibliográfica de sua neta Suzana: “A história de nossa Princesa do Norte é muito rica em acontecimentos e personagens. Mas é pobre em livros a respeito deles.”
Por isso, querida Suzana, guarde no coração as palavras de sua avó e que esta terra abençoada por tanta riqueza histórica, seduza a historiadora que você é e mantenha, por muitas e muitas obras, suas mãos e seus ouvidos enredados com as memórias e as histórias que estão se perdendo, sem a escuta sensível e a delicada voz para narrar que só você nos presenteia! “Amizade dada é amor”, já dizia Guimarães Rosa. Sigamos juntas, irmanadas por este infindo amor, para as novas paragens!