Nossa Terra Nossa Gente : Telma Galembeck: “Chuva-de-Ouro” No Jardim do Senhor
“O Senhor é meu pastor, nada me faltará.” Esta promessa divina tem sido o mote que norteia a vida de Telma Galembeck, advogada pindamonhangabense, mãe de Andréia e Flávia, avó de Éric e Alícia, exímia colecionadora de orquídeas.
A menina da Rua dos Bentos, aluna do “Alzira Franco” e a jovem normalista do Instituto de Educação e do curso de Letras da Unitau-Universidade de Taubaté, ao se casar com Armando Galembeck Júnior, militar do Exército Brasileiro, teve oportunidade de ampliar seu território sociocultural morando nas fronteiras do Brasil com Peru, Colômbia, Argentina, Paraguai e Guianas Francesas.
Dotada de uma tenacidade sem paralelo para fazer o bem, em cada lugar que residiu, Telma Galembeck buscou meios e se alinhou a homens e mulheres de coração generoso em prol da assistência aos desvalidos. Comunidades indígenas, menores trabalhadores da floresta, mulheres vítimas de violência, bebês de mulheres encarceradas, leprosos, meninos de rua, mendigos, muitos receberam um quinhão de sua bondade e de seu amor.
Sua segunda graduação, o curso de Direito (Unitau/1983), foi movida pela necessidade de conhecer as Leis para buscar amparo jurídico e expandir seu raio de ação social.
Desde 1997, quando Telma Galembeck retornou definitivamente para Pindamonhangaba – “O meu cantinho sempre foi aqui!” -, com o apoio de seus familiares, amigos, militares do Exército Brasileiro e membros da OAB, ela teve condições de desenvolver projetos no SOS, Casa da Amizade, Lar São Judas Tadeus, Lar de Velhos São Vicente de Paulo, Salesianos e, de modo especial, no atendimento aos moradores de rua.
A modéstia com que ela rememora suas ações sociais e a humildade com que mostra os títulos de cidadania a ela outorgados (Piauí, Ceará, Maranhão, Pará) recordam-me as árvores que se dobram com o peso dos frutos maduros em oposição à árvore estéril que ergue ao céu a cabeça em vã ostentação.
Há cinco anos, atendendo à prescrição médica para o tratamento de um câncer, Telma dedica-se à arte de cultivar orquídeas. As mais belas espécies da família Orchidaceae transformaram sua casa numa pequena floresta e a singular beleza de cada espécie de sua coleção revela o quanto essa notável mulher se dedica ao estudo e ao cuidado de suas flores. É membro da Assop-Associação Orquidófila de Pindamonhangaba e, atualmente, suas orquídeas têm levado ao pódio sua terra natal: em julho e agosto de 2018, Pindamonhangaba conquistou sucessivamente o 1º Lugar do Brasil!
E o que mais me encanta em Telma é que o seu desejo de servir aos outros nunca diminui, ao contrário, novos projetos sociais florescem em meio às suas orquídeas: ela pretende ensinar a crianças, jovens e adultos carentes a arte de cultivar flores, de respeitar e preservar o meio ambiente e, se necessário, transformar esse conhecimento em trabalho; também pretende criar, em Pindamonhangaba, um espaço de apoio às mulheres vítimas do câncer.
Na manhã de domingo, ao finalizarmos nossa entrevista durante a reunião da Assop no Parque da Cidade, Telma me confessa que a chuva-de-ouro (Oncidium sp) é a sua orquídea predileta. É exatamente como essa popular espécie que eu a vejo no Jardim do Senhor, este santuário de todas as flores que, assim como Telma Galembeck, desabrocham à beira do caminho dos injustiçados, dos pequeninos… O amor que Telma imprime em cada gesto de solidariedade define a sua singular presença no mundo e, predestinada coincidência, sintetizam o que “Telma” significa: “amável, amorosa, protetora corajosa”! Que o Senhor abençoe os seus sonhos, Telma, e que você prossiga florescendo no coração de todos aqueles que, assim como eu, tiveram o privilégio de encontrá-la nos caminhos desta vida.