História : Tribuna do Norte incomodou rivais
Ao longo de sua existência o jornal Tribuna do Norte teve rivais políticos entre os órgãos da imprensa local. Não sobreviveram. Enquanto isso, a TN segue já para os seus 135 anos de existência. Entre os jornais que se sentiam incomodados com a folha do Dr. João Romeiro, houve um tabloide que circulou na Pindamonhangaba do início do século XX, denominado Gazeta Semanal. Do mencionado semanário recordamos um artigo, publicado em sua edição de 5 de março de 1903, no qual tornava pública uma insatisfação com a Tribuna, mais precisamente com um de seus redatores. A jocosa crítica, cujo autor não a assina, assim como não identifica o nome de seu desafeto do jornal Tribuna do Norte, é a que se segue:
“Há nesta cidade uma preta muito conhecida, principalmente da criançada, a Tia Rita, que anda sempre a serviço pelas ruas, munida de um pau e que, de espaço em espaço, até mesmo com o barril d’água na cabeça, dá bordoadas em vão no ar, de lado a lado, como que procurando afugentar alguma coisa que lhe persegue.
E assim vai vivendo até que Deus se lembre dela.
Pois a continuar como vai, não tardará muito que o nosso colega da Tribuna do Norte venha a tornar-se uma segunda edição da Tia Rita, a dar bordoadas no ar, como que afugentando a efígie do nosso ilustre conterrâneo dr. Dino Bueno, que se tornou o alvo de sua preocupação.
Só por que fizemos, em o último número do nosso jornal, aquele apelo à Câmara Municipal, sobre os perigosos e aterradores foguetes de dinamite, apelo tão razoável que foi apreciado por gregos e troianos – vem ele, por uma das vias de seu conhecido jornal, dizendo tanta coisa que nem ele mesmo entende, envolvendo indevidamente, o nome do dr. Dino Bueno e de outros cavalheiros, com quem nada temos a não ser o respeito e a admiração que costumamos dispensar a todos os filhos ilustres desta terra, e continuando na faina de empurrar o nosso jornal para um partido qualquer.
Depois querem ficar zangados quando dizemos que o grande mal desta cidade é a maldita politicagem que aqui impera, da qual é um dos maiores fomentadores o redator da Tribuna.”
A origem da crítica ao jornal Tribuna do Norte
O impasse entre Tribuna e Gazeta teria originado porque ao divulgar, em sua edição de 26/3/1903, uma comemoração pública pela eleição do dr. Francisco Romeiro (irmão do fundador da Tribuna, dr. João Romeiro) a deputado federal pelo 2º Distrito do Estado de São Paulo, a Gazeta havia condenado a utilização de fogos como “incomodativos e perigosos no limite da cidade”, assim revelando o acontecimento aos leitores:
“…Foram soltados muitos foguetes de grandes bombas preparadas com dinamite, cujos estouros atroavam o espaço, martirizando os enfermos, chocando o organismo dos nervosos e repercutindo aos ouvidos de todos como um prenúncio de iminente perigo, fazendo com que a referida festa proporcionasse alguns momentos de desagrado, de incômodo e de sobressalto até a muitos que se achavam ligados a ela de alma e coração”.
A Gazeta ainda ressaltou a concretização de um perigo que já havia sido previsto: “…Não tardou que uma bomba fosse explodir sobre o telhado da residência do sr. Manoel Francisco Paula eSilva, fazendo grande rombo e atirando pedaços de telhas a grandes distâncias”.
Concluindo, o redator da Gazeta contava que “felizmente o prejuízo ficou só no grande susto e no conserto do telhado”, e alertava o Código de Posturas para providências.