UM MESTRE NO CÉU
“Boa tarde, Doutor Valdez, que prazer em revê-lo! O “Grampolinha” é um encanto de criatura. Como vai ele? Com paciência, tudo há de se resolver”. Com essa frase, com esse tipo de abordagem cordial e fraterna, o querido e saudoso PROFESSOR SÁVIO recebia um nervoso e estressado presidente da União Brasileira de Trovadores de Pindamonhangaba (no caso, o autor dessas linhas), no seu gabinete de então Secretário de Educação do Município de Pindamonhangaba, cinco dias antes da chegada dos maiores trovadores literários do Brasil que vinham participar da premiação Concurso Internacional/Nacional/Regional de Trovas e que estavam sem hotel designado para acomodá-los. De imediato, surpreso, cai sentado num sofá e, por alguns instantes, contemplei a face tranquila daquele ser humano carismático que me transmitia tanta paz.
“Grampolinha” a quem se referia o ilustre Mestre é o meu filho do meio – Eduardo, que foi seu aluno. Como não ficar encantado com aquele educador, portador de alto conhecimento, sobretudo de psicologia humana, cuja preocupação inicial foi me deixar tranquilo? A partir daquele momento, eu o adicionei a minha galeria dos mestres que me foram presenteados pela vida.
Muitas luas passadas, chegando de viagem, recebo um choque com a fatídica notícia: o PROFESSOR SÁVIO se encantou. Deus o levou! Passei então a refletir sobre a transitoriedade da vida e a nossa finitude. Sabemos que a sociedade moderna, eterna escrava da dimensão material da existência, angustia-se ante a realidade da morte. Sartre, grande filósofo existencialista francês, ressaltou que a “morte é uma paixão inútil, somos um ser para a morte para o encontro com o vazio”. Ultrapassando o NIILISMO de Sartre, a teologia cristã vislumbra no mistério da morte a passagem para a vida que se desvela eterna, inaugurando as possibilidades plenas da união do ser humano com Deus. Para Kardec, na sua codificação espírita, a morte representa tão somente um estágio evolutivo; a veste carnal é transitória, e permanece indestrutível o espírito que é eterno, em constante evolução, em direção a Deus Pai de quem somos centelha. O importante é o que se faz de bom em cada estágio carnal. O PROFESSOR SÁVIO veio ao nosso planeta com o sublime destino de ser um educador, transmitir conhecimentos e valores e lapidar mentes para o bem. Homem de alma leve, terno, agiu em consonância com o que diz Mateus em seu Evangelho: “Bem-aventurados aqueles que são brandos porque eles possuirão a terra” (Mt-5: 4), e “Bem-aventurados são os pacíficos porque eles são chamados filhos de Deus” (Mt-5:9).
Cumpriu sua missão com muita determinação e amor, espalhando, por onde passava, um sorriso alegre e as palavras de incentivo e de ternura. Dá continuidade à sua viagem espiritual, deixando um grande exemplo de cidadão e levando as rosas vermelhas da nossa admiração e saudade.
PROFESSOR SÁVIO, aí, do seu plano de muita Luz e de muita Paz em que se encontra, onde não atingem os obuses do desamor e da desesperança, nem as granadas incendiárias da maldade humana, conceda-nos a luz gratificante da sua bênção!