Vale do Paraíba promove jornadas preparatórias para a Cúpula do Clima COP26
Documento produzido no Vale será entregue à Cúpula do Clima
O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), em conjunto com organização ambientais do Brasil e do exterior, iniciou uma série de debates preparatórios para a COP 26. A primeira jornada ocorre no Vale do Rio Paraíba do Sul, no Brasil, com a participação de cientistas e movimentos sociais.
Segundo dados gerados pelo Ministério de Tecnologia, Ciência e Inovações (MCTI), as mudanças do clima estão se instalando no Brasil a uma velocidade muito maior do que se esperava. O MCTI afirma que o Brasil deve atingir em 2030, dentro de nove anos, 2 graus Celsius de aquecimento médio.
Os especialistas convocados pelo Proam afirmam que o Brasil se aproxima de um patamar elevado de riscos, diante de um estado de emergência climática sinalizado também no último relatório (AR6) do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado no mês de agosto.
Segundo já apontavam as tratativas ocorridas no Acordo de Paris, a partir do aquecimento médio de 1,5 grau Celsius haveria fortes possibilidades de cenários de imprevisibilidade climática e eventos extremos. O planeta apresenta um aquecimento médio atual de 1,09 grau, mas o Brasil já contabiliza um aumento de temperatura acima disso, média de 1,7 grau.
A crise hídrica que se abate sobre o Sudeste do Brasil decorre de fenômenos regionais episódicos como o La Niña, mas também é agravado pelo aquecimento global.
Representantes do mundo científico, jurídico, da área de planejamento e gestão, em conjunto com ONGs, movimentos sociais organizados e sindicatos, estão promovendo hoje, 8 de setembro, mais uma etapa dos encontros preparatórios para a COP26, enfocando soluções para os principais desafios trazidos pelo agravamento da emergência climática, visando apontar políticas públicas de mitigação e adaptação, especialmente sobre os efeitos que já atingem a água, um elemento essencial à sociedade humana.
Segundo Carlos Bocuhy, presidente do Proam, “a situação é grave e se deve pensar em soluções a partir de mapeamentos precisos das situações de vulnerabilidade ambiental e social”. Para Bocuhy, a região do Vale do Paraíba é emblemática por estar situada entre as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo e que divide as águas do rio Paraíba do Sul com essas metrópoles: “Não há saída a não ser um modelo de governança eficiente, transetorial, na implementação de políticas corretivas e de adaptação, envolvendo o papel das instituições de governo, do setor econômico e da sociedade civil”, afirma.
Para dimensionar os possíveis cenários e soluções, 20 representantes de movimentos sociais estarão expondo suas visões sobre os cenários de vulnerabilidade na região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira, enfocando as áreas de habitação, agricultura, abastecimento, aquecimento dos centros urbanos e ambientes de trabalho, impactos aos ecossistemas ocasionados por monoculturas, além da ameaça de uma intensificação do uso de tecnologias poluentes e nocivas ao clima, como incineradores de resíduos e usinas de energia movidas a combustíveis fósseis (termelétricas).