Quadro Roceiro

  Cantando à viola, tristonho, o pobre do bom caipira evoca o perfil risonho da filha do Sucupira, linda morena que vira, num samba, como num sonho… E, enquanto em mágoas se embuça seu coração sofredor, lhe geme o peito e soluça a viola versos de dor, e o sofrimento lhe aguça a lembrança desse … Ler mais

Páginas íntimas

Eu tenho formulado inutilmente – sem que a resposta o coração me dê essa pergunta quase irreverente: – Por que é que eu gosto tanto de você?… Procurei pelas ciências matemáticas, resolver a questão por A mais B; mas as respostas são tão problemáticas… – Por que é que eu gosto tanto de você?… Fui … Ler mais

Guiomar

No teu vestido branco, divinal de noiva, tu serás feliz, muito feliz, e a beleza, esse supremo dote, fúlgida riqueza que o mundo inteiro da mulher consagra e loiva, Em ti refulgirá. Sabes que a dor me goiva, e num momento a teu lado estarei, mas presa, a minha infeliz alma em perenal tristeza, pois … Ler mais

Stella

Meiga Stella, de olhar meigo e divino, com perfume sutil na boca ardente, de corpo divinal, leve e franzino que passa em minha vida, indiferente. Luz celeste que guia o meu destino pela estrada sombria dum descrente. Oasis de amor, inspiração de um hino, alma de Deus, que vive refulgente. Tu és Stella, a música … Ler mais

O beijo de Judas

Naquela noite Judas Iscarioth espantado fugiu de horror e medo, pela sombra soturna do arvoredo tal como cascavel, de bote em bote. Beijara o Mestre e o Mestre entre o chicote da turba má, com o rosto amigo e ledo queimou-lhe nesse beijo o lábio tredo queimou-lhe como a flama de um archote! E o … Ler mais

Tédio

Que dia horrível! Garoa… Garoa miudinha, fina, que aborrece, que amofina, descorçoa. Teimosa, má, sem piedade. O dia inteirinho, a fio, peneira magna, fastio, humildade. Preguiçosa, friorenta, numa caminha macia, a bocejar passo o dia, sonolenta. Que pena! não posso usar, uma vez que não faz sol, meu vestido de mongol, verde-mar! Com fervor, com … Ler mais

A filha do coveiro

(do cancioneiro espanhol) Presa de um mal traiçoeiro, acabara de expirar a filhinha do coveiro exclusivo do logar. Ele mesmo a filha amada ao cemitério levou, abriu-lhe a final morada, co’as próprias mãos e enterrou. Só quando a tarde desceu do Campo santo saiu: Numa das mãos o chapéu, n’outra a pá que lhe servia. … Ler mais

O beijo da morta

Cresce a invernosa noite, um frio intenso morde-me as carnes: – lívido, gelado, no leito me ergo… e escuto o desolado vivo do inverno, atroz, convulso, imenso… Tento dormir. Em vão! Escuto e penso, penso na eterna ausente… Ah! Se a meu lado ela estivesse! Um beijo perfumado! Um só! Me fora ardente e ideal … Ler mais

A uma pianista

Quando te vejo ao piano, flor mimosa, e teus dedos sutis voam de leve, cada mão delicada, cor de neve, sobre o marfim, semelha branca rosa… Então posso julgar quanto te deve minh’alma triste que em silêncio goza e o céu demanda tenue, vaporosa, no meu sonho fugaz, que morre em breve… Julgo viver na … Ler mais

Quadro Roceiro

Cantando à viola, tristonho, o pobre do bom caipira evoca o perfil risonho da filha do Sucupira, linda morena que vira, num samba, como num sonho… E, enquanto em mágoas se embuça seu coração sofredor, lhe geme o peito e soluça a viola versos de dor, e o sofrimento lhe aguça a lembrança desse amor. … Ler mais

Falsa

Ela jurou-me amor em certo dia, e eu nesse falso juramento dado. Passou-se o tempo… nesse enlevo eu ia sentindo n’alma esse ideal sonhado. Porém, meu Deus, oh! quanta fantasia, tinha aquela mulher em mim lançado! O peito seu estava, em demasia, de múltiplas mentiras saturado. Mentiu-me muito, mas mentiu-me tanto, com tal engenho que … Ler mais

“Só pra intertê”

Noite… em torno da fogueira, num rancho em pleno sertão, reunida a gente tropeira ouve, em silêncio, o Janjão. É uma história corriqueira dos tempos que longe vão, o causo de um fazendeiro que “virara em sombração”! “Esconjuro” – Brada o Dito, ao que responde o nhô Vira: – Cale a boca seu mardito! É … Ler mais